quinta-feira, 18 de julho de 2013

CRISTO, CENTRO DO UNIVERSO.



A intenção no coração de Deus ao ter trazido este universo à existência era que, ao final, toda a criação pudesse apresentar a glória e a supremacia de Seu Filho, Jesus Cristo. Isto nos afirma a carta de São Paulo neste pequeno fragmento “nele tudo subsiste” (Cl 1,17 ). Ele diz muito claramente que, se não fosse o Senhor Jesus Cristo, o universo inteiro se desintegraria, desmembrar-se-ia; ele estaria sem seu fator unificador; ele cessaria de ter uma razão para ser mantido como uma completa e concreta unidade. Tire-o fora e a criação perde seu propósito e seu objeto, e não precisa mais ir adiante. “Cristo é tudo, e em todos” (Cl 3,11) era o pensamento – o pensamento dominante – na mente de Deus durante a criação do universo.
Percebemos esta verdade claramente exposta na antífona da solenidade de Cristo Rei: “O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória e poder através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6). Isto é proclamado ao final de cada ano litúrgico para nos lembrar que Jesus Cristo é o Rei de nossas vidas, Rei da história, Rei do cosmo, Rei do universo. A Igreja toda canta, na festa de Cristo Rei, na sua oração: “Cristo Rei, sois dos séculos Príncipe,/ Soberano e Senhor das nações!/ Ó Juiz, só a vós é devido/ julgar mentes, julgar corações”. O texto do Apocalipse citado acima dá o sentido da realeza de Jesus: “ele é o Cordeiro que foi imolado”. É Rei não porque é prepotente, não porque manda em tudo, até suprimir nossa liberdade e nossa consciência. É Rei porque nos ama, Rei porque se fez um de nós, Rei porque por nós sofreu, morreu e ressuscitou, Rei porque nos dá a vida. Ele é aquele “Filho do Homem” apresentado no livro de Daniel: “Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá” (Dn 7, 9-14). Com efeito, o reinado de Cristo não tem as características dos reinados do mundo.
Ele é Rei não porque se distancia de nós, mas precisamente porque se fez “Filho do homem”, solidário conosco em tudo. Ele experimentou nossas pobrezas e limitações; ele caminhou pelas nossas estradas, derramou o nosso suor, angustiou-se com nossas angústias e experimentou tantos dos nossos medos (Fl 2,6-11;). Ele morreu como nós, de morte humana, tão igual à nossa. Ele reina pela solidariedade. Ele é Rei porque nos serviu: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Serviu com toda a sua existência, serviu dando sempre e em tudo a vida por nós, por amor de nós. Ele reina pelo amor. Ele é Rei porque tudo foi criado pelo Pai “através dele e para ele” (Cl 1,15-16); tudo caminha para ele e, nele, tudo aparecerá na sua verdade: “Quem é da verdade, ouve a minha voz”. É nele que o mundo será julgado. Ele é Rei porque é o único que pode garantir nossa vida; pode fazer-nos felizes agora e pode nos dar a vitória sobre a morte por toda a eternidade: “Jesus Cristo é a testemunha fiel e verdadeira, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra”  (cf. Ap 3,14; 1,17-18; 2,8). Ele reina pela vida. Sim, Jesus é Rei: A marca e o critério da realeza de Cristo é e será sempre, a cruz!
Hoje, assistimos, impressionados, a paganização do mundo, e perguntamos: onde está a realeza do Cristo? – Onde sempre esteve: na cruz: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. O Reino de Jesus não é segundo o modelo deste mundo, não se impõe por guardas, pela força, pelas armas: meu Reino não é daqui! É um Reino que vem do mundo do amor e da misericórdia de Deus, não das loucuras megalomaníacas dos seres humanos. E, no entanto, o Reino está no mundo: “Cumpriu-se o tempo; o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15); “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou para vós” (Lc 11,20). O Reino que Jesus trouxe deve expandir-se no mundo! Onde ele está? Onde estiverem o amor, a verdade, a piedade, a justiça, a solidariedade, a paz. O Reino do Cristo deve penetrar todos os âmbitos de nossa existência: a economia, as relações comerciais, os mercados financeiros, as relações entre pessoas e povos, nossa vida afetiva, nossa moral pessoal e comunitária.
Tudo deve convergir para Jesus Cristo: o tempo, a história, o cosmo... tudo corre para Jesus: ele é “o Alfa e o Ômega, o A e o Z, o Primeiro e o Último” (Ap 1,8; 21,6; 22,13) “Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogênito dentre os mortos, o Soberano dos reis da terra”. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Vocação na Bíblia



A Bíblia inteira, Palavra de Deus inspirada, constitui uma história do chamado de Deus a um povo e, através dele e de Cristo, a toda a humanidade. A vocação é sempre um chamado pessoal. Um chamado de Deus que escolhe a um homem que escuta. Por isso, Deus costuma dirigir-se ao homem chamando-o por seu próprio nome (Gn 22,1; Jr 1,11; Am 7,8). E, em alguns casos, chega até a mudar o nome do escolhido, para mostrar que da vocação brota um homem novo (Gn 17,1-2; 32,29; Is 62,2).
Dentre as várias pessoas chamadas, algumas são consideradas protótipos, modelos dos “chamados”, como por exemplo:

a) Antigo Testamento:
·         Abraão (Gn 12,1-8; Hb 11,8ss; Gn 15,1-21; 18,1-15; 22,1-19): Depois de seu chamado, não muda , mas passa a viver de uma esperança nova, unida ao destino de seu povo e da humanidade (Gn 12,3);
·         Moisés: Ouviu a voz de Deus, que o encarregava de uma tarefa libertadora, e desde aquele momento de sua vida consagrou-se a tal tarefa com ardor (Ex 3,7-14);
·         Samuel, quando jovem, também ouviu o chamado misterioso de Deus, que o escolhia para uma missão relacionada com o bem religioso e comum do povo (1Sm 3,1-21);
·         Isaias, Jeremias, Ezequiel: Foram chamados por Deus de maneiras semelhantes, os quais sentiram a graça e a força de Deus em sua árdua missão (Is 6,1-13; Jr 1,1-10; 11,18-22; 12,1-5; 15,10-21; 16,1-13; 18,1-12. 18-23; 20,7-18; Ez 2-3; 24,15-27; 33,1-20. 30-33). A fraqueza humana sente-se confortada com a presença interior de Deus e os homens se fortalecem;

Todo chamado de Deus exige e espera uma compromisso por parte do povo (Ex 19,8;Js 24,24). E toda a vida do povo de Israel constitui a resposta a esse chamado.

b) Novo testamento:

·         Cristo: é o “chamado de Deus” por excelência. Ele é enviado pelo Pai para uma missão de salvação, como indica o seu próprio nome (Mt 1,18-23). Sua vocação é diferente dos demais, no sentido de que, Ele não precisa de uma mudança interior, nem tinha ignorância prévia de sua missão. Jesus veio para converter os homens e dirigi-los para a meta suprema do Reino (Mc 2,13s; Mt 8,18; 19,21; 22,1ss). A pregação de Jesus inclui sempre um chamado, um apelo a segui-lo num caminho novo de cujo segredo ele dispõe: “Se alguém quer vir após mim...” (Mt 16,24; Jo 7,17). Há muitos chamados e poucos os escolhidos (Mt 22,1-14);
·         João Batista: Lc 1,5-25; Mc 1,1-13; Mt 11,2-14; Mc 6,14-29; Jo 1,19-36; 3,22-36.
·         Maria:  Lc 1,26-38; 11,27-28.
·         O Jovem Rico: Lc 18,18-30; Mt 19,16-26; Mc 10,17-27.
·         Paulo: (At 9,1-30; 22,5-16) Apresenta-se como um homem chamado pessoalmente por Cristo para ser o apóstolo dos gentios (At 9,1-6). Segundo ele, Deus, em Cristo chamou todos os de forma pessoal para torná-los semelhantes a seu Filho e partícipes de sua missão (Rm 8,29ss; 1Ts 2,11-12);
·         TImóteo: 1Tm 1,1-4. 12-17; 4,6-16.

Todas as vocações têm por objetivo as missões: se Deus chama, é para enviar. A vocação é o chamado que Deus dirige ao homem a quem ele escolheu para si e que destina a uma obra especial no plano da salvação e no destino do seu povo.

Obs.: Quando Deus chama as pessoas é sempre para realizar uma missão. Deus consagra as pessoas não para afastá-las, mas para enviar e consagra em função desse envio.