A
Literatura apocalíptica é a radicalização do Dia de Javé, com visões, símbolos,
imagens... Dia de Javé (destruição do mundo, intervenção de Deus (Am 5,15-20),
transformação do mundo/história (Cf. Jl 2,1-2; Mc 13,19-21; Os 13,7-8; Is
24,18; Jr 48,44; Mt 27,45). O Dia de
Javé mudou: Inicialmente era contra contra as autoridades do mundo; =>
depois contra os opressores de Israel (Egito, Babilônia, Medos, Pérsia,
Gregos/Alexandre Magno... impérios);=> Após o exílio, contra os ímpios (quem
não observava a Lei);=> Quando a profecia desaparece, o povo perde seu
porta-voz: profeta;=> por volta de 198/200 a.C. com a helenização dos
selêucidas e em 168 a.C. com Antíoco IV, criou uma sensação do fim do
mundo/céus fechados... => Deus derrotará os inimigos... o Filho do
Homem/Messias vai derrotar os inimigos dos judeus e estabelecer o Reino de
Deus. Destaca que tudo está no Livro da História.
Características da Literatura
Apocalíptica: Antigo/Primeiro Testamento:Dn
7,1-28; 13-14 – 170-160 a.C.:Visão, símbolos (cf. BJ, Peregrino, TEB); Feras=inimigos:
(Babilônia, Medos, Pérsia, Gregos/Alexandre Magno, Antíoco IV – 1Mc 1,
Besta/prostituta); Ancião/Reino de Deus/Tribunal; Livros/destruição das
feras/luta; Filho do Homem montado nas nuvens; Império eterno.
Características da Literatura
Apocalíptica: Novo/Segundo Testamento: Incutir
esperança/coragem; Visões, sonhos, símbolos, imagens dramáticas; Retrata a
realidade por meio de imagens/símbolos/veladas; Fala de uma intervenção divina
que provoca mudanças – Juízo/tribunal/livro/Reino de Deus; Revelação; Consolar.
Realidade/contexto do
livro do apocalipse
Causa interna:
ÉFESO (2,1-7)
|
ESMIRNA (2,8-11)
|
PÉRGAMO (2,12-17)
|
TIATIRA (2,18-28)
|
SARDES (3,1-6)
|
FILADELFIA (3,7-13)
|
LAODICÉIA (3,14-22)
|
|
Ricos
|
Pobres
|
Ricos
|
Média
|
Pobre
|
Média
|
Ricos
|
|
Metrópole, cidade portuária, 600
mil, culto pagão, cidade imperial, muitos cultos; Artemis (deusa de toda a
Ásia.
|
Cidade portuária, culto imperial.
|
Capital da província da Ásia,
burocratas, centro da arte, residência do procônsul, 30 km do mar, fábrica de
pergaminho (couro: ovelha).
|
Tecido, Lídia é negociante de
púrpura, 80 km do mar, indústria de tecido.
|
Centro agrícola, pequenos colonos,
90 km do mar.
|
Indústria têxtil, antiga colônia
judaica, tem sinagoga.
|
Tecido especial: lã preta, centro
medicinal (colírio), centro bancário... revolução vulcânica... banho quente.
|
|
Positivo:
Perseverança, sofrem por amor de Deus, boa
conduta.
|
Positivo:
Perseverança, espiritualidade, testemunho,
resistência, fidelidade, 50 km de Éfeso.
|
Positivo:
mantém a doutrina, testemunho fiel, não aderiu
ao trono de satanás, martírio cristão.
|
Positivo:
amor, fé, dedicação, perseverança.
|
Positivo:
guardam a Palavra, não renegam o nome de Deus,
são perseverantes.
|
Positivo:
vigilância, pessoas dignas, viva,
prática, pureza.
|
Positivo:
não tem nada.
|
|
Negativo:
Abandono do 1º amor, 200/300 cristãos apenas, sociedade escravagista; detesta
os nicolaístas/gnosticismo.
|
Negativo:
falsidade, blasfêmia, traição, perseguição interna (Judas: sinagoga) e
externa (império); 10 dias: curto prazo.
|
Negativo:
culto ao imperador, gnose e nicolaístas, Balaão (culto aos pagãos);
satanás=Império Romano.
|
Negativo:
prostituição, cultos pagãos, aderem a doutrinas estranhas.
|
Negativo:
satanás, pouca força econômica; 3,10: perseguição.
|
Negativo:
hipocrisia, conduta não perfeita.
|
Negativo:
nem frio nem quente, pobre, cego, nu... diante de Deus.
|
|
Causa externa: Ap 6,1-8: (Cavalo
branco – Arco/exército romano;Cavalo
vermelho – espada/guerra – expansão
do território – garantir comércio e fornecer escravos;Cavalo negro – balança/comércio – bens; Cavalo verde – morte/fome/doenças/guerra... espalham a
morte) / Ap 18,9-24 (tomara que
seja)/1Pd (santos e profetas)/comunidade cristã / Ap 13 e 18besta=imperador/dragão/diabo;
bestinhas=patrões/sociedade patronal/pax romana.
Existem
várias propostas de estrutura do Livro do Apocalipse:
1)
Estrutura dupla:[1]
Prólogo
e saudação
|
Cartas às 7 Igrejas
|
visões
proféticas
|
Epílogo
|
1,1-8
|
1,9-3,22
|
4,1-22,5
|
22,6-21
|
2)
Estrutura linear:[2]
Prólogo e
saudação
|
Visão de
Cristo Ressuscitado
|
Cartas às
7 Igrejas
|
Anúncio
profético
|
Epílogo
|
1,1-8
|
1,9-20
|
2-3
|
4,1-22,5
|
22,6-21
|
3)
Estrutura unitária e
concêntrica:[3]
A
|
B
|
C
|
D
|
C1
|
B1
|
A1
|
Prólogo
e saudação
|
Visão
7
carta
Liturgia
final
|
Visão
7
selos
Liturgia
final
|
Visão
7
trombetas
Liturgia
final
|
Visão
7 taças
Liturgia
final
|
7 visões
|
epílogo e
saudação
|
1,1-8
|
1,9-4,11
|
5,1-8,1
|
8,2-14,5
|
14,6-19,8
|
19,9-22,5
|
22,6-21
|
4)
Estrutura septenária:
7 cartas
|
7 selos
|
7
trombetas
|
7 sinais
no céu
|
7 taças
|
7 vozes do
céu
|
7 visões
do fim
|
1,9-3,22
|
4,1-7,17
|
8,1-11,14
|
11,15-14,20
|
15,1-16,16
|
16,17-19,5
|
19,6-22,5
|
5)
Estrutura doutrinal:
Uma Igreja
muito humana
|
Uma Igreja
face aos problemas de seu tempo (4-20)
|
Uma Igreja
descida do céu
|
||
1,4-3,22
|
De Israel
às nações
|
Face às
potências totalitárias
|
|
21-22
|
|
4-11
|
12-20
|
|
6)
Estrutura tripartida com
critérios histórico-teológicos (Veja acima, Mesters):
Carta às
comunidades
|
Primeira
leitura da perseguição (Nero)
|
Segunda leitura
da perseguição (Domiciano)
|
1,1-3,22
|
4,1-11,19
|
12,1-22-21
|
Boa Nova
como fidelidade e compromisso
|
Boa Nova
como novo êxodo
|
Boa Nova
como julgamento do opressor
|
·
O conteúdo:
Após uma breve introdução, as saudações iniciais e as cartas às sete Igrejas
(Ap 1-3), o autor dá início à parte propriamente profética do livro com uma
visão inaugural do céu em que, no meio de uma solene liturgia cósmica, a
majestade de Deus, como soberano absoluto do universo e da história, entrega ao
Cordeiro os destinos do mundo (caps. 4-5). Seguem-se duas séries de visões que
parecem paralelas: a primeira, os 7 selos e as sete trombetas desencadeadas
pelo sétimo selo (caps. 7-11, com interlúdios). É anunciada uma invasão de
povos bárbaros causando um grande extermínio pelos males que costumam trazer:
guerra, fome e peste (6); alguns eleitos são preservados, outros já cantam sua
vitória no céu (7); segue-se uma série de pragas enviadas como advertência, a
semelhança das do Egito, para a conversão dos pecadores e inimigos de Deus
(8-9). Mas a falta de arrependimento por parte dos ímpios, agora como com o
faraó no passado, torna o castigo inevitável (10-11). A segunda série, compreende a mulher com
criança (12), as duas bestas (13) e, após um interlúdio (14), as sete taças com
as últimas sete pragas (15-16). O desenvolvimento do último julgamento (17-19)
com o castigo dos que procuravam corromper a terra induzindo os homens a adorar
Satanás (alusão ao culto dos imperadores da Roma pagã)[4] é
pintado com diferentes imagens (a grande prostituta e a besta escarlate, a
destruição da Babilônia=Roma, o combate escatológico) e encerrado com o reino
de mil anos, um período de prosperidade para a Igreja, que terminará com um
último assalto de Satanás, seu aniquilamento definitivo, a ressurreição dos
mortos e o Juízo final (20); finalmente se manifesta a glória da Jerusalém
celeste brilhando no mundo novo em que, destruída a morte e renovadas todas as
coisas, Deus mora para sempre com seu povo em perfeita paz e felicidade
(21-22).
·
Qual
a finalidade do livro do Apocalipse? A
finalidade do livro não é fazer conhecer de antemão os eventos do fim do mundo;
o seu fim é outro; é fazer uma teologia da história, porque ele se refere a uma
precisa situação histórica, para entendê-la, a partir dos acontecimentos pelos
quais ela está passando. Por isso, busca compreender o sentido da história e
não o que vai acontecer no fim dela. Neste sentido, o livro dá grande ênfase
uma história que está aberta para a esperança em Deus, porque a vitória de
Cristo sobre o mal já aconteceu uma vez por todas e vem se manifestando pela
vitória dos poderes malignos representados pelo dragão, pelas bestas e pela
Babilônia, onde culminará no fim dos tempos, sendo realizada de forma plena.
Assim, o autor faz uma transposição do evento pascal para o fim dos tempos,
para confirmar que esta vitória se cumprirá de forma perfeita e plena no fim,
onde todos os poderes do mal serão derrotados.
·
O
Apocalipse apresenta uma quantidade de duplicados completamente anormais.
Eis como M.E. Boismard exprime sua observação: “não será exagero dizer que que
cada episódio, cada visão apresenta-se em exemplar duplo: os 144 mil fiéis de
Cristo (7,2-8 e 14,1-5), os eleitos no céu (7,9-17 e 15,2-5), os flagelos das
sete trombetas e das sete taças (8-9 e 16)…a descrição da besta com sete
cabeças e dez chifres (13,1.8 e 17,3.8)…” A lista prossegue e culmina com a
Jerusalém ideal futura (21,1-8 e 21,9-22,5)… e a rejeição final dos ímpios”.
·
Os
Números: explícitos ou implícitos na
estrutura, por exemplo, uma palavra que se repete sete vezes. “Segundo a velha
tradição bíblica, alguns números, além de quantidade, significam alguma
qualidade; assim os usa o autor”.[5] Os
números simbólicos que mais dominam no livro são: três, dependendo ao que se
refere, mas em algum modo relacionado com a divindade ou sua intervenção,
sobretudo quando implícito (“era-é-vem”, “santo,santo, santo”); quatro, a
totalidade cósmica (19 vezes: 4 seres viventes, 4 pontos cardeais, 4 anjos, 4
cantos da terra, 4 ventos, etc.); sete (4+3), o número da completeza (55 vezes:
7 Igrejas, 7 candelabros, 7 espíritos, 7 selos, 7 trombetas, 7 taças, 7 cabeças
da besta, etc.); “dez”, totalidade delimitada, não sagrada, fraca, de pouca
douração: o número do poderio total do mundo (10 dias de tribulação, 10 chifres
do dragão, 10 diademas da besta, 10 reis, etc.); doze, número completo e
sagrado das tribos de Israel ou povo de Deus (4x3, 23 vezes); 1000 anos: o
tempo incontável, mas completo, até o fim do mundo; 144000: a multidão (=mil)
do quadrado de 12, o autêntico Israel reunido (antigo e novo); 666, nem
perfeito, nem sagrado, nem completo, a total imperfeição, o Mal (3x6); 3 ½, ou
seja, metade de sete, período incompleto (12,14; = 42 meses ou 1260 dias 11,3;
12,6; 13,5; cf. Dn 7,25; 12,7): Deus limita o tempo de perseguição sob o
controle dos inimigos, o domínio do anticristo. Merece também atenção o fato
que cada setenário inclui, como sétimo elemento, o setenário seguinte, até
desembocar na conclusão final. Mas por causa dum “crescendo” que vai se
criando, o desenvolvimento da técnica não é linear, outros elementos entram em
cena.
·
As
cores: branco significa vitória (3,4; 6,11;
7,9; 19,14); vermelho/púrpura/escarlate, batalha sangrenta (perseguição,
martírio, 6,12; 8,8, etc.), prostituição/embriaguez/devassidão (17,3.4.6);
esverdeado/preto, peste/epidemia e morte (6,5.12).
·
As
imagens: elas são numerosas. Predominam
imagens cósmicas e os elementos da natureza: ar, água e fogo, estrelas, sol e
lua, montanhas e ilhas, rios e oceano, o abismo primordial. Fenômenos
assustadores: terremotos, trovões e relâmpagos, com chuvas de enxofre e
granizo, símbolos de teofanias. Seres celestes e diabólicos, anjos e espíritos,
exércitos do Bem e do Mal. Não faltam animais e monstros polimorfos: feras e
bestas de sete cabeças, cavalos com cabeça de leão e cauda que parece serpente,
ursos, panteras, cães, sapos, escorpiões e gafanhotos, símbolos de pragas e
castigos. Metais e pedras preciosas: ouro e argento, pérolas e jaspe, safira e
esmeralda, símbolos de raridade. Muitas imagens são de origem mítica: a luta
primordial entre o Bem e o Mal, o nascimento de um salvador, rebelião de seres
celestes. “É importante observar a técnica do autor no manejo de suas imagens.
Em alguns casos, o esforço e cálculo intelectual predominam, a imagem se torna
incoerente ou esmiuçada, descobre-se a trama alegórica…Outras muitas vezes
triunfa a imaginação: na riqueza de elementos, em visões grandiosas – a terra
que abre a boca para beber um rio (12,16) –, em traços certeiros – a fumaça do
poço que escurece o sol (9,2)”.[6] Cidade,
fundamentos, portas, praças, muralhas, etc. Na descrição das formas
arquitetônicas da Jerusalém celeste, suas muralhas e alicerces, suas medidas e
dimensões, mais do que a estrutura de uma cidade, transparece o esplendor do
corpo vivo de uma esposa cósmica no auge de sua felicidade.
·
A
visão: “Ora a base desse sistema sagrado de
símbolos é de tipo onírico, segundo um padrão caro à literatura apocalíptica,
que se exprimia através de sonhos e visões: “O Espírito tomou conta de mim… e
atrás de mim ouvi uma voz forte como trombeta… e vi sete candelabros de ouro.
No meio dos candelabros estava alguém: parecia um filho de Homem… Quando o vi,
caí como morto a seus pés…” (Ap1,10.12.17). Através da visão, pretende-se
exaltar o caráter transcendental e metarracional da revelação-apocalipse
proporcionada: por isso se requer a intervenção do anjo intérprete que
repetidamente aparece no livro de Daniel, escrito bíblico apocalíptico (cap.
7-12) e que também percorre os céus do Apocalipse de João”.[7]
·
Intérprete
no texto: personagens celestes são, então,
introduzidos para interpretar as visões, pelo menos algumas delas. Deus faz sua
revelação a Jesus, que envia seu mensageiro a João para ele escrever e
comunicar a mensagem às Igrejas. São elas que preservarão a mensagem, de
geração em geração, para os cristãos de todos os tempos. Como guia turístico, o
anjo explica, dá orientações, leva o ditoso beneficiário dessa extraordinária
viagem no mundo do misterioso desígnio de Deus, passando de uma visão para
outra. O problema é que, mesmo com o auxílio do anjo, a compreensão do texto
para nós permanece difícil! “Apesar de tudo, a interpretação interior ao texto,
se foi inteligível para muitos contemporâneos, a nós, seus sucessores, nos pode
desconcertar ou parecer incompreensível”.[8]
·
Recurso
ao AT: Segundo Schökel
ainda que o autor não cite suas fontes, para quem está familiarizado com o
pensamento, a linguagem e as imagens do AT, o Apocalipse se apresenta como um
complicado e original tecido de numerosas e contínuas citações, alusões e
reminiscências das Escrituras judaicas. “É uma obra inspirada amiúde em modelos
alheios e profundamente original. Tudo nos soa como conhecido e nos fascina com
sua novidade. Não é colcha de retalhos, não é midraxe; com materiais usados, é
a criação poética de um céu novo e uma terra nova (21,1)”.
·
Cristologia:
“Encontramos no início do Apocalipse (1,4-6), uma fórmula que pode ser tomada
como resumo da cristologia do livro: “Graças e paz… da parte de Jesus Cristo,a
testemunha fiel, o primogênito dos mortos e príncipe dos reis da terra. Àquele
que nos ama, que nos lavou de nossos pecados com seu sangue, que fez de nós um
reino, sacerdotes para Deus seu Pai, a ele glória…”. Em primeiro lugar temos de
observar os três títulos cristológicos. Príncipe dos reis da terra
relaciona-se, evidentemente, ao senhorio; primogênito dos mortos na
ressurreição. É natural, pois, compreender que testemunha fiel refere-se à
crucifixão, tanto que, em 2,13, o homem também chamado testemunha fiel foi
igualmente condenado à morte por causa de sua fé.Testemunha de Deus no mundo: Cristo sela seu testemunho com o
próprio sangue. Este sacrifício é claramente posto em paralelo com a imolação
do cordeiro pascal (5,6). Garante redenção universal (5,9), perdoando os
pecados (1,5; 7,14). A cruznão é, portanto, derrota, mas a atestação
(testemunho), no mundo, da vitória do Deus que salva por amor. Os homens por
sua vez podem ser chamados ao mesmo
testemunho que consiste em proclamar, no seio do mundo hostil, o senhorio
exclusivo de Deus. Este testemunho profético conduz, logicamente, ao martírio:
as duas testemunhas de Ap 11 (figuras que simbolizam a vocação profética da
Igreja) são condenadas à morte com seu Senhor. Mas em Ap 12,11 é solenemente
afirmado que, em seu próprio martírio, as testemunhas atualizam a vitória de
Cristo; Atestam receber somente de Deus sua maneira de tudo apreciar: a vida e
a morte, a vitória e o fracasso não têm mais para eles o sentido enganador que
o mundo lhes confere.Primogênito dentre
os mortos: Cristo ressuscitou. Esteve morto mas está vivo (1,18; 2,8). O
cordeiro imolado mantém-se de pé diante de Deus (5,6). Pela primeira vez a
morte recuou e sua derrota é definitiva: Cristo é quem mantém as chaves da
morte.Significa que dá aos seus a vida que já não pode ser reformulada pela
morte natural: é vida ressuscitada que nada mais teme, nem mesmo o juízo final
(suscetível de levar à segunda morte, a morte total, 2,11; 20,4.5.6).Príncipe dos reis da terra: Desde já
Cristo reina. Senta-se com Deus em seu trono (3,21). Exerce poder sobre as
nações (2,27-28), alcança a vitória (17,14; 19,11s). A mesma idéia devemos
reencontrar no emprego da imagem do cordeiro real, vencedor e triunfante,
imagem tomada da apocalíptica judaica. Esta verdade só é acessível à fé. Para o
homem comum, Satanás e seus sequazes (as bestas) são os que exercem hoje o
poder (13). Mas o reino de Deus e de seu Cristo é de tal modo efetivo que
podemos comprová-lo e experimentá-lo desde agora: reconhecendo tão somente a
Deus o direito de mandar, de julgar e de fazer viver, penetrando no mundo novo,
onde o homem participa deste novo poder que em nada se assemelha à ditadura
para a qual tende, tão comumente, o poder humano (1,6; 2,26; 3,21; 5,10; 2,11).Testemunhas de Deus em Cristo, vivendo sua
vida, associados a seu reino, os cristãos são, no mundo, um povo de sacerdotes:
atestam a presença de Deus e de Sua obra (1,6; 5,10; 20,6). Ainda assim,
trata-se de uma função transitória. O plano de Deus encaminha-se para uma
realização: um mundo no qual Deus e Cristo estão de tal modo presentes que já
não há necessidade de templo (21,22), nem de sacerdotes.
Síntese de alguns capítulos
1) revelação: de
Jesus Cristo. Na visão ele viu no céu Deus/Filho (testemunha fiel, príncipe da
terra, Jesus Cristo, primogênito dos mortos, lavou os pecados pelo sangue
(paixão e morte), realeza, sacerdote... estabilidade. Tudo isso para contrapor
o Império Romano (agora chamado de Besta, Prostituta). Isso para suscitar,
inspirar ESPERANÇA e FORÇA nos cristãos;
4) No
céu tem um trono e nele está sentado um ancião
rodeado de por 24 (12 tribos de Israel + 12 apóstolos/cristãos)...Ex 3 (Deus da
história)... 4 seres vivos (cf. Ez 1)= 4 deuses/imagens que estavam na
Babilônia; guardas de seus deuses - nossos padres viram aqui Marcos (Leão);
Lucas (touro); João (águia) e Mateus (homem);
5) Filho do homem: que ler/abre
o Livro (Ez 2). Há 3 livros: livro da vida 3,5; 20,12 – contêm nomes dos
santos; livro dos acontecimentos/procedimentos futuros (5,2); livrinho (10,8) –
procedimentos curtos (Pedro e Paulo) – amargo (martírio dos cristãos passará
logo). O Filho do homem tem as seguintes características do Leão Rei Davi (Mt
1; Mq 4-5; Is 11). Tudo isso para dar animo aos cristãos. Jesus é superior ao
Imperador. Só Ele pode abrir o Livro;
6,9-17) O quarto e o quinto selo falam
que a natureza/fenômeno passará por uma transformação/mudança (Joel; Is 34; Os
10). Veste branca=glorificação/redenção;
7) Cristãos massacrados/martirizados:chegarão
(VV. 14-17; Dn 12,1) ao novo céu e a nova terra (Is 65; Ap 20-21; Sl 23 –
Cordeiro/páscoa/libertação/êxodo). A paixão e a morte de Jesus (páscoa) é
conseqüência de sua prática (Is 42,1-9);
8-9) Destruição total: semelhantes
as pragas do Êxodo – releitura do Êxodo 8-10 (pragas do Egito) – usam estas
pragas contra o Império Romano e seu seguidores; os 4 anjos (v. 13s) é
imaginário do tempo do Exílio (nota G da BJ) – exército babilônico e seus
colaboradores;
10) A igreja deve passar por um período de tribulação (livrinhos) – a profecia é necessária/evangelizar;
11,1-13) pedro e paulo foram mortos
possivelmente em Roma, depois de 3,5 (42 meses) houve nova criação – isso
provoca alegria, coragem aos cristãos. Daqui começa a escrever os evangelhos e
a literatura apocalíptica – 65-70 em Roma (4-11//Dn 7);
11,14-19: os céus se abrem;
12); 13); 14,1-15,4); 15,5-16,21); 17); 18,1-19,12: Estes capítulos
(12,1-19,12) tem em comum: imagens, palavras chaves com
citações bíblicas... sete reis (Augusto, Tibério, Calígola, Cláudio, Nero,
Vaspesiano/reina, Tito/pouco/ Domiciano);
20) dragão, morte, diabo, hades – 1000
anos – espera da chegada definitiva do Reino de Deus (Sl 90,4//1Pd //2Pd 3,8-10
e Nota B da BJ);
21) deus com eles=aliança: as coisas
antigas se foram (v. 4). Os maus morrerão e os bons serão premiados – 12+12 –
novo céu/terra (Israel) – 144 mil/multidão. Nova Jerusalém (cf. Is 65,17-25 –
novo céu/terra) – características: Amós (paz, harmonia, reviravolta, alegria,
longevidade).
Bibliografia consultada
1. Bíblia de Jerusalém, Apocalipse,
Introdução.
2. Ravasi, G., A Boa Nova: as
histórias, as idéias e os personagens do Novo Testamento, Paulinas, São Paulo,
1999.
3. Schökel L.A., Bíblia do peregrino, NT, Paulus, São Paulo, 2000,
Introdução ao Apocalipse.
4. Tuñí,
J.O.-Alegre, X., Escritos Joaninos e Cartas Católicas, Ed. AveMaria, São Paulo
1996.
5. VV.AA., Iniciação à Bíblia, Ed.
Paulinas, São Paulo, 1980, vol.3.
[2]
VV.AA., Iniciação à Bíblia, Ed. Paulinas, S.Paulo, 1980, vol.3, pp. 196.
[3]Tuñí,
J.O.-Alegre, X., Escritos Joaninos e Cartas Católicas, Ed. AveMaria, São Paulo
1996 p. 222-4.
[4]Bíblia
de Jerusalém, Apocalipse, Introdução.
[5]Schökel L.A., Bíblia do peregrino, NT, Paulus,
São Paulo, 2000, Introdução ao Apocalipse.
[6]Schökel L.A.,
op. cit.
[7]Ravasi, op. cit. p. 353.
[8]Schökel L.A.,
op. cit