terça-feira, 17 de junho de 2014

A LITERATURA APOCALÍPTICA


A Literatura apocalíptica é a radicalização do Dia de Javé, com visões, símbolos, imagens... Dia de Javé (destruição do mundo, intervenção de Deus (Am 5,15-20), transformação do mundo/história (Cf. Jl 2,1-2; Mc 13,19-21; Os 13,7-8; Is 24,18; Jr 48,44; Mt 27,45). O Dia de Javé mudou: Inicialmente era contra contra as autoridades do mundo; => depois contra os opressores de Israel (Egito, Babilônia, Medos, Pérsia, Gregos/Alexandre Magno... impérios);=> Após o exílio, contra os ímpios (quem não observava a Lei);=> Quando a profecia desaparece, o povo perde seu porta-voz: profeta;=> por volta de 198/200 a.C. com a helenização dos selêucidas e em 168 a.C. com Antíoco IV, criou uma sensação do fim do mundo/céus fechados... => Deus derrotará os inimigos... o Filho do Homem/Messias vai derrotar os inimigos dos judeus e estabelecer o Reino de Deus. Destaca que tudo está no Livro da História.
Características da Literatura Apocalíptica: Antigo/Primeiro Testamento:Dn 7,1-28; 13-14 – 170-160 a.C.:Visão, símbolos (cf. BJ, Peregrino, TEB); Feras=inimigos: (Babilônia, Medos, Pérsia, Gregos/Alexandre Magno, Antíoco IV – 1Mc 1, Besta/prostituta); Ancião/Reino de Deus/Tribunal; Livros/destruição das feras/luta; Filho do Homem montado nas nuvens; Império eterno.
Características da Literatura Apocalíptica: Novo/Segundo Testamento: Incutir esperança/coragem; Visões, sonhos, símbolos, imagens dramáticas; Retrata a realidade por meio de imagens/símbolos/veladas; Fala de uma intervenção divina que provoca mudanças – Juízo/tribunal/livro/Reino de Deus; Revelação; Consolar. 

Realidade/contexto do livro do apocalipse

Causa interna:

ÉFESO (2,1-7)
ESMIRNA (2,8-11)
PÉRGAMO (2,12-17)
TIATIRA (2,18-28)
SARDES (3,1-6)
FILADELFIA (3,7-13)
LAODICÉIA (3,14-22)
Ricos
Pobres
Ricos
Média
Pobre
Média
Ricos
Metrópole, cidade portuária, 600 mil, culto pagão, cidade imperial, muitos cultos; Artemis (deusa de toda a Ásia.
Cidade portuária, culto imperial.
Capital da província da Ásia, burocratas, centro da arte, residência do procônsul, 30 km do mar, fábrica de pergaminho (couro: ovelha).
Tecido, Lídia é negociante de púrpura, 80 km do mar, indústria de tecido.
Centro agrícola, pequenos colonos, 90 km do mar.
Indústria têxtil, antiga colônia judaica, tem sinagoga.
Tecido especial: lã preta, centro medicinal (colírio), centro bancário... revolução vulcânica... banho quente.
Positivo: Perseverança, sofrem por amor de Deus, boa conduta.
Positivo: Perseverança, espiritualidade, testemunho, resistência, fidelidade, 50 km de Éfeso.
Positivo: mantém a doutrina, testemunho fiel, não aderiu ao trono de satanás, martírio cristão.
Positivo: amor, fé, dedicação, perseverança.
Positivo: guardam a Palavra, não renegam o nome de Deus, são perseverantes.
Positivo: vigilância, pessoas dignas, viva, prática, pureza.
Positivo: não tem nada.
Negativo: Abandono do 1º amor, 200/300 cristãos apenas, sociedade escravagista; detesta os nicolaístas/gnosticismo.
Negativo: falsidade, blasfêmia, traição, perseguição interna (Judas: sinagoga) e externa (império); 10 dias: curto prazo.
Negativo: culto ao imperador, gnose e nicolaístas, Balaão (culto aos pagãos); satanás=Império Romano.
Negativo: prostituição, cultos pagãos, aderem a doutrinas estranhas.
Negativo: satanás, pouca força econômica; 3,10: perseguição.
Negativo: hipocrisia, conduta não perfeita.
Negativo: nem frio nem quente, pobre, cego, nu... diante de Deus.

Causa externa: Ap 6,1-8: (Cavalo branco – Arco/exército romano;Cavalo vermelho – espada/guerra – expansão do território – garantir comércio e fornecer escravos;Cavalo negro – balança/comércio – bens; Cavalo verde – morte/fome/doenças/guerra... espalham a morte) / Ap 18,9-24 (tomara que seja)/1Pd (santos e profetas)/comunidade cristã / Ap 13 e 18besta=imperador/dragão/diabo; bestinhas=patrões/sociedade patronal/pax romana.
 

Existem várias propostas de estrutura do Livro do Apocalipse:

1)       Estrutura dupla:[1]

Prólogo e saudação
Cartas às 7 Igrejas
visões proféticas
Epílogo
1,1-8
1,9-3,22
4,1-22,5
22,6-21
 
2)                  Estrutura linear:[2]
Prólogo e saudação
Visão de Cristo Ressuscitado
Cartas às 7 Igrejas
Anúncio profético
Epílogo
1,1-8
1,9-20
2-3
4,1-22,5
22,6-21

3)       Estrutura unitária e concêntrica:[3]
A
B
C
D
C1
B1
A1
Prólogo e saudação
Visão
7 carta
Liturgia final
Visão
7 selos
Liturgia final
Visão
7 trombetas
Liturgia final
Visão
7 taças
Liturgia final
7 visões
 
epílogo e saudação
1,1-8
1,9-4,11
5,1-8,1
8,2-14,5
14,6-19,8
19,9-22,5
22,6-21

4)       Estrutura septenária:
7 cartas
7 selos
7 trombetas
7 sinais no céu
7 taças
7 vozes do céu
7 visões do fim
1,9-3,22
4,1-7,17
8,1-11,14
11,15-14,20
15,1-16,16
16,17-19,5
19,6-22,5

5)       Estrutura doutrinal:
Uma Igreja muito humana
Uma Igreja face aos problemas de seu tempo (4-20)
Uma Igreja descida do céu
1,4-3,22
De Israel às nações
Face às potências totalitárias
 
21-22
 
4-11
12-20
 
 
 
6)       Estrutura tripartida com critérios histórico-teológicos (Veja acima, Mesters):
Carta às comunidades
Primeira leitura da perseguição (Nero)
Segunda leitura da perseguição (Domiciano)
1,1-3,22
4,1-11,19
12,1-22-21
Boa Nova como fidelidade e compromisso
Boa Nova como novo êxodo
Boa Nova como julgamento do opressor

·         O conteúdo: Após uma breve introdução, as saudações iniciais e as cartas às sete Igrejas (Ap 1-3), o autor dá início à parte propriamente profética do livro com uma visão inaugural do céu em que, no meio de uma solene liturgia cósmica, a majestade de Deus, como soberano absoluto do universo e da história, entrega ao Cordeiro os destinos do mundo (caps. 4-5). Seguem-se duas séries de visões que parecem paralelas: a primeira, os 7 selos e as sete trombetas desencadeadas pelo sétimo selo (caps. 7-11, com interlúdios). É anunciada uma invasão de povos bárbaros causando um grande extermínio pelos males que costumam trazer: guerra, fome e peste (6); alguns eleitos são preservados, outros já cantam sua vitória no céu (7); segue-se uma série de pragas enviadas como advertência, a semelhança das do Egito, para a conversão dos pecadores e inimigos de Deus (8-9). Mas a falta de arrependimento por parte dos ímpios, agora como com o faraó no passado, torna o castigo inevitável (10-11).  A segunda série, compreende a mulher com criança (12), as duas bestas (13) e, após um interlúdio (14), as sete taças com as últimas sete pragas (15-16). O desenvolvimento do último julgamento (17-19) com o castigo dos que procuravam corromper a terra induzindo os homens a adorar Satanás (alusão ao culto dos imperadores da Roma pagã)[4] é pintado com diferentes imagens (a grande prostituta e a besta escarlate, a destruição da Babilônia=Roma, o combate escatológico) e encerrado com o reino de mil anos, um período de prosperidade para a Igreja, que terminará com um último assalto de Satanás, seu aniquilamento definitivo, a ressurreição dos mortos e o Juízo final (20); finalmente se manifesta a glória da Jerusalém celeste brilhando no mundo novo em que, destruída a morte e renovadas todas as coisas, Deus mora para sempre com seu povo em perfeita paz e felicidade (21-22).

·         Qual a finalidade do livro do Apocalipse? A finalidade do livro não é fazer conhecer de antemão os eventos do fim do mundo; o seu fim é outro; é fazer uma teologia da história, porque ele se refere a uma precisa situação histórica, para entendê-la, a partir dos acontecimentos pelos quais ela está passando. Por isso, busca compreender o sentido da história e não o que vai acontecer no fim dela. Neste sentido, o livro dá grande ênfase uma história que está aberta para a esperança em Deus, porque a vitória de Cristo sobre o mal já aconteceu uma vez por todas e vem se manifestando pela vitória dos poderes malignos representados pelo dragão, pelas bestas e pela Babilônia, onde culminará no fim dos tempos, sendo realizada de forma plena. Assim, o autor faz uma transposição do evento pascal para o fim dos tempos, para confirmar que esta vitória se cumprirá de forma perfeita e plena no fim, onde todos os poderes do mal serão derrotados.

·         O Apocalipse apresenta uma quantidade de duplicados completamente anormais. Eis como M.E. Boismard exprime sua observação: “não será exagero dizer que que cada episódio, cada visão apresenta-se em exemplar duplo: os 144 mil fiéis de Cristo (7,2-8 e 14,1-5), os eleitos no céu (7,9-17 e 15,2-5), os flagelos das sete trombetas e das sete taças (8-9 e 16)…a descrição da besta com sete cabeças e dez chifres (13,1.8 e 17,3.8)…” A lista prossegue e culmina com a Jerusalém ideal futura (21,1-8 e 21,9-22,5)… e a rejeição final dos ímpios”.

·         Os Números: explícitos ou implícitos na estrutura, por exemplo, uma palavra que se repete sete vezes. “Segundo a velha tradição bíblica, alguns números, além de quantidade, significam alguma qualidade; assim os usa o autor”.[5] Os números simbólicos que mais dominam no livro são: três, dependendo ao que se refere, mas em algum modo relacionado com a divindade ou sua intervenção, sobretudo quando implícito (“era-é-vem”, “santo,santo, santo”); quatro, a totalidade cósmica (19 vezes: 4 seres viventes, 4 pontos cardeais, 4 anjos, 4 cantos da terra, 4 ventos, etc.); sete (4+3), o número da completeza (55 vezes: 7 Igrejas, 7 candelabros, 7 espíritos, 7 selos, 7 trombetas, 7 taças, 7 cabeças da besta, etc.); “dez”, totalidade delimitada, não sagrada, fraca, de pouca douração: o número do poderio total do mundo (10 dias de tribulação, 10 chifres do dragão, 10 diademas da besta, 10 reis, etc.); doze, número completo e sagrado das tribos de Israel ou povo de Deus (4x3, 23 vezes); 1000 anos: o tempo incontável, mas completo, até o fim do mundo; 144000: a multidão (=mil) do quadrado de 12, o autêntico Israel reunido (antigo e novo); 666, nem perfeito, nem sagrado, nem completo, a total imperfeição, o Mal (3x6); 3 ½, ou seja, metade de sete, período incompleto (12,14; = 42 meses ou 1260 dias 11,3; 12,6; 13,5; cf. Dn 7,25; 12,7): Deus limita o tempo de perseguição sob o controle dos inimigos, o domínio do anticristo. Merece também atenção o fato que cada setenário inclui, como sétimo elemento, o setenário seguinte, até desembocar na conclusão final. Mas por causa dum “crescendo” que vai se criando, o desenvolvimento da técnica não é linear, outros elementos entram em cena.

·         As cores: branco significa vitória (3,4; 6,11; 7,9; 19,14); vermelho/púrpura/escarlate, batalha sangrenta (perseguição, martírio, 6,12; 8,8, etc.), prostituição/embriaguez/devassidão (17,3.4.6); esverdeado/preto, peste/epidemia e morte (6,5.12).

·         As imagens: elas são numerosas. Predominam imagens cósmicas e os elementos da natureza: ar, água e fogo, estrelas, sol e lua, montanhas e ilhas, rios e oceano, o abismo primordial. Fenômenos assustadores: terremotos, trovões e relâmpagos, com chuvas de enxofre e granizo, símbolos de teofanias. Seres celestes e diabólicos, anjos e espíritos, exércitos do Bem e do Mal. Não faltam animais e monstros polimorfos: feras e bestas de sete cabeças, cavalos com cabeça de leão e cauda que parece serpente, ursos, panteras, cães, sapos, escorpiões e gafanhotos, símbolos de pragas e castigos. Metais e pedras preciosas: ouro e argento, pérolas e jaspe, safira e esmeralda, símbolos de raridade. Muitas imagens são de origem mítica: a luta primordial entre o Bem e o Mal, o nascimento de um salvador, rebelião de seres celestes. “É importante observar a técnica do autor no manejo de suas imagens. Em alguns casos, o esforço e cálculo intelectual predominam, a imagem se torna incoerente ou esmiuçada, descobre-se a trama alegórica…Outras muitas vezes triunfa a imaginação: na riqueza de elementos, em visões grandiosas – a terra que abre a boca para beber um rio (12,16) –, em traços certeiros – a fumaça do poço que escurece o sol (9,2)”.[6] Cidade, fundamentos, portas, praças, muralhas, etc. Na descrição das formas arquitetônicas da Jerusalém celeste, suas muralhas e alicerces, suas medidas e dimensões, mais do que a estrutura de uma cidade, transparece o esplendor do corpo vivo de uma esposa cósmica no auge de sua felicidade.

·         A visão: “Ora a base desse sistema sagrado de símbolos é de tipo onírico, segundo um padrão caro à literatura apocalíptica, que se exprimia através de sonhos e visões: “O Espírito tomou conta de mim… e atrás de mim ouvi uma voz forte como trombeta… e vi sete candelabros de ouro. No meio dos candelabros estava alguém: parecia um filho de Homem… Quando o vi, caí como morto a seus pés…” (Ap1,10.12.17). Através da visão, pretende-se exaltar o caráter transcendental e metarracional da revelação-apocalipse proporcionada: por isso se requer a intervenção do anjo intérprete que repetidamente aparece no livro de Daniel, escrito bíblico apocalíptico (cap. 7-12) e que também percorre os céus do Apocalipse de João”.[7]

·         Intérprete no texto: personagens celestes são, então, introduzidos para interpretar as visões, pelo menos algumas delas. Deus faz sua revelação a Jesus, que envia seu mensageiro a João para ele escrever e comunicar a mensagem às Igrejas. São elas que preservarão a mensagem, de geração em geração, para os cristãos de todos os tempos. Como guia turístico, o anjo explica, dá orientações, leva o ditoso beneficiário dessa extraordinária viagem no mundo do misterioso desígnio de Deus, passando de uma visão para outra. O problema é que, mesmo com o auxílio do anjo, a compreensão do texto para nós permanece difícil! “Apesar de tudo, a interpretação interior ao texto, se foi inteligível para muitos contemporâneos, a nós, seus sucessores, nos pode desconcertar ou parecer incompreensível”.[8]

·         Recurso ao AT: Segundo Schökel ainda que o autor não cite suas fontes, para quem está familiarizado com o pensamento, a linguagem e as imagens do AT, o Apocalipse se apresenta como um complicado e original tecido de numerosas e contínuas citações, alusões e reminiscências das Escrituras judaicas. “É uma obra inspirada amiúde em modelos alheios e profundamente original. Tudo nos soa como conhecido e nos fascina com sua novidade. Não é colcha de retalhos, não é midraxe; com materiais usados, é a criação poética de um céu novo e uma terra nova (21,1)”.

·         Cristologia: “Encontramos no início do Apocalipse (1,4-6), uma fórmula que pode ser tomada como resumo da cristologia do livro: “Graças e paz… da parte de Jesus Cristo,a testemunha fiel, o primogênito dos mortos e príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, que nos lavou de nossos pecados com seu sangue, que fez de nós um reino, sacerdotes para Deus seu Pai, a ele glória…”. Em primeiro lugar temos de observar os três títulos cristológicos. Príncipe dos reis da terra relaciona-se, evidentemente, ao senhorio; primogênito dos mortos na ressurreição. É natural, pois, compreender que testemunha fiel refere-se à crucifixão, tanto que, em 2,13, o homem também chamado testemunha fiel foi igualmente condenado à morte por causa de sua fé.Testemunha de Deus no mundo: Cristo sela seu testemunho com o próprio sangue. Este sacrifício é claramente posto em paralelo com a imolação do cordeiro pascal (5,6). Garante redenção universal (5,9), perdoando os pecados (1,5; 7,14). A cruznão é, portanto, derrota, mas a atestação (testemunho), no mundo, da vitória do Deus que salva por amor. Os homens por sua vez podem ser chamados ao mesmo testemunho que consiste em proclamar, no seio do mundo hostil, o senhorio exclusivo de Deus. Este testemunho profético conduz, logicamente, ao martírio: as duas testemunhas de Ap 11 (figuras que simbolizam a vocação profética da Igreja) são condenadas à morte com seu Senhor. Mas em Ap 12,11 é solenemente afirmado que, em seu próprio martírio, as testemunhas atualizam a vitória de Cristo; Atestam receber somente de Deus sua maneira de tudo apreciar: a vida e a morte, a vitória e o fracasso não têm mais para eles o sentido enganador que o mundo lhes confere.Primogênito dentre os mortos: Cristo ressuscitou. Esteve morto mas está vivo (1,18; 2,8). O cordeiro imolado mantém-se de pé diante de Deus (5,6). Pela primeira vez a morte recuou e sua derrota é definitiva: Cristo é quem mantém as chaves da morte.Significa que dá aos seus a vida que já não pode ser reformulada pela morte natural: é vida ressuscitada que nada mais teme, nem mesmo o juízo final (suscetível de levar à segunda morte, a morte total, 2,11; 20,4.5.6).Príncipe dos reis da terra: Desde já Cristo reina. Senta-se com Deus em seu trono (3,21). Exerce poder sobre as nações (2,27-28), alcança a vitória (17,14; 19,11s). A mesma idéia devemos reencontrar no emprego da imagem do cordeiro real, vencedor e triunfante, imagem tomada da apocalíptica judaica. Esta verdade só é acessível à fé. Para o homem comum, Satanás e seus sequazes (as bestas) são os que exercem hoje o poder (13). Mas o reino de Deus e de seu Cristo é de tal modo efetivo que podemos comprová-lo e experimentá-lo desde agora: reconhecendo tão somente a Deus o direito de mandar, de julgar e de fazer viver, penetrando no mundo novo, onde o homem participa deste novo poder que em nada se assemelha à ditadura para a qual tende, tão comumente, o poder humano (1,6; 2,26; 3,21; 5,10; 2,11).Testemunhas de Deus em Cristo, vivendo sua vida, associados a seu reino, os cristãos são, no mundo, um povo de sacerdotes: atestam a presença de Deus e de Sua obra (1,6; 5,10; 20,6). Ainda assim, trata-se de uma função transitória. O plano de Deus encaminha-se para uma realização: um mundo no qual Deus e Cristo estão de tal modo presentes que já não há necessidade de templo (21,22), nem de sacerdotes. 

Síntese de alguns capítulos 

1) revelação: de Jesus Cristo. Na visão ele viu no céu Deus/Filho (testemunha fiel, príncipe da terra, Jesus Cristo, primogênito dos mortos, lavou os pecados pelo sangue (paixão e morte), realeza, sacerdote... estabilidade. Tudo isso para contrapor o Império Romano (agora chamado de Besta, Prostituta). Isso para suscitar, inspirar ESPERANÇA e FORÇA nos cristãos;

4) No céu tem um trono e nele está sentado um ancião rodeado de por 24 (12 tribos de Israel + 12 apóstolos/cristãos)...Ex 3 (Deus da história)... 4 seres vivos (cf. Ez 1)= 4 deuses/imagens que estavam na Babilônia; guardas de seus deuses - nossos padres viram aqui Marcos (Leão); Lucas (touro); João (águia) e Mateus (homem); 

5) Filho do homem: que ler/abre o Livro (Ez 2). Há 3 livros: livro da vida 3,5; 20,12 – contêm nomes dos santos; livro dos acontecimentos/procedimentos futuros (5,2); livrinho (10,8) – procedimentos curtos (Pedro e Paulo) – amargo (martírio dos cristãos passará logo). O Filho do homem tem as seguintes características do Leão Rei Davi (Mt 1; Mq 4-5; Is 11). Tudo isso para dar animo aos cristãos. Jesus é superior ao Imperador. Só Ele pode abrir o Livro; 

6,9-17) O quarto e o quinto selo falam que a natureza/fenômeno passará por uma transformação/mudança (Joel; Is 34; Os 10). Veste branca=glorificação/redenção; 

7) Cristãos massacrados/martirizados:chegarão (VV. 14-17; Dn 12,1) ao novo céu e a nova terra (Is 65; Ap 20-21; Sl 23 – Cordeiro/páscoa/libertação/êxodo). A paixão e a morte de Jesus (páscoa) é conseqüência de sua prática (Is 42,1-9); 

8-9) Destruição total: semelhantes as pragas do Êxodo – releitura do Êxodo 8-10 (pragas do Egito) – usam estas pragas contra o Império Romano e seu seguidores; os 4 anjos (v. 13s) é imaginário do tempo do Exílio (nota G da BJ) – exército babilônico e seus colaboradores; 

10) A igreja deve passar por um período de tribulação (livrinhos) – a profecia é necessária/evangelizar; 

11,1-13) pedro e paulo foram mortos possivelmente em Roma, depois de 3,5 (42 meses) houve nova criação – isso provoca alegria, coragem aos cristãos. Daqui começa a escrever os evangelhos e a literatura apocalíptica – 65-70 em Roma (4-11//Dn 7); 

11,14-19: os céus se abrem; 

12); 13); 14,1-15,4); 15,5-16,21); 17); 18,1-19,12: Estes capítulos (12,1-19,12) tem em comum: imagens, palavras chaves com citações bíblicas... sete reis (Augusto, Tibério, Calígola, Cláudio, Nero, Vaspesiano/reina, Tito/pouco/ Domiciano); 

20) dragão, morte, diabo, hades – 1000 anos – espera da chegada definitiva do Reino de Deus (Sl 90,4//1Pd //2Pd 3,8-10 e Nota B da BJ);

21) deus com eles=aliança: as coisas antigas se foram (v. 4). Os maus morrerão e os bons serão premiados – 12+12 – novo céu/terra (Israel) – 144 mil/multidão. Nova Jerusalém (cf. Is 65,17-25 – novo céu/terra) – características: Amós (paz, harmonia, reviravolta, alegria, longevidade).
 

Bibliografia consultada

1. Bíblia de Jerusalém, Apocalipse, Introdução.
2. Ravasi, G., A Boa Nova: as histórias, as idéias e os personagens do Novo Testamento, Paulinas, São Paulo, 1999.
3. Schökel L.A., Bíblia do peregrino, NT, Paulus, São Paulo, 2000, Introdução ao Apocalipse.
4. Tuñí, J.O.-Alegre, X., Escritos Joaninos e Cartas Católicas, Ed. AveMaria, São Paulo 1996.
5. VV.AA., Iniciação à Bíblia, Ed. Paulinas, São Paulo, 1980, vol.3.



[1] Trata-se de ver como estruturar a parte 4,1-22,5..
[2] VV.AA., Iniciação à Bíblia, Ed. Paulinas, S.Paulo, 1980, vol.3, pp. 196.
[3]Tuñí, J.O.-Alegre, X., Escritos Joaninos e Cartas Católicas, Ed. AveMaria, São Paulo 1996 p. 222-4.
[4]Bíblia de Jerusalém, Apocalipse, Introdução.
[5]Schökel L.A., Bíblia do peregrino, NT, Paulus, São Paulo, 2000, Introdução ao Apocalipse.
[6]Schökel L.A., op. cit.
[7]Ravasi, op. cit. p. 353.
[8]Schökel L.A., op. cit