segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Celebrações Eucarísticas

 1. Homem - ser festivo
            A criatura humana é, por natureza, um ser social, comunicativo, festivo. Gosta de comemorar, celebrar, festejar. Festeja uma data cívica, um aniversário... O ser humano celebra também alegremente a sua fé em Deus, a sós e em comunidade, com preces e cânticos de louvor e agradecimento ao Senhor, seu Deus.

2. Igreja - assembléia festiva
            Os cristãos reúnem-se para celebrar a sua fé. Em pequenos grupos e comunidades, como também em gigantescas assembléias e celebrações litúrgicas e paralitúrgicas. Ninguém vive, reza e se salva sozinho. Em determinadas ocasiões, há caminhadas festivas para a Igreja, procissões pelas ruas, peregrinações e romarias aos grandes santuários - locais, regionais, nacionais e internacionais - em que os fiéis, com grande júbilo, empunham-se velas acesas, iluminam as noites com as luzes da sua fé jubilosa.
            "A Igreja vive de celebrações, centradas na celebração eucarística. A Igreja não pode renunciar a ser ela mesma: a assembléia pascal e festiva dos que crêem no Ressuscitado" (Rey-Mermet. A fé explicada aos jovens e adultos. v. II. p. 164).

3. Domingo - dia do Senhor
            Para a Igreja Católica, isto é, "universal", o Domingo é dia do Senhor; o primeiro dia da semana; dia de festejar jubilosamente a fé em Jesus Cristo nosso Senhor, que ressurgiu vitorioso do sepulcro numa manhã de Domingo.
            A santa missa dominical, além de ser preceito de Deus e da Igreja, responde a necessidade que o ser humano e a Igreja têm de viver comunitariamente, jubilosamente, como uma grande família de Deus, a fé, a esperança e a caridade.
            A liturgia eucarística, sobretudo no Domingo, é o centro da vida e do culto dos cristãos a Deus. A missa dominical é a festa maior de toda a grande e festiva assembléia dos cristãos, fraternizada para celebrar a sua fé no Cristo Ressuscitado, e isso tudo no Domingo, palavra latina que significa dia do Senhor e é o primeiro dia da semana.
            É importante enfatizar este ponto: não devemos abrir mão da nossa missa dominical, da nossa confraternização de Domingo, ao redor do altar de Deus. É evidente que, se não for possível participar da missa no Domingo, deve-se fazê-lo em dia de semana. Mas não podemos deixar de escolher e aproveitar o Domingo para nos integrarmos nas grandes e festivas assembléias dos filhos de Deus, congregando jubilosamente ao redor de um altar, para a santa missa dominical. Aqui cabem duas recomendações:
·         É vontade de Deus e a Igreja ensina e recomenda que participemos da missa cada Domingo; se não for possível, em caso de doença, faça-se isso em dia de semana;
·         É bom e salutar participar da santa missa em cada Domingo; mas se por falta de sacerdote, não for possível a missa, se poderá participar de uma celebração da palavra de Deus e da recepção do santo sacramento da Eucaristia.

4. Modalidades de celebrações eucarísticas
            A título de informação, eis aqui uma relação de modalidades de celebrações eucarísticas praticadas na Igreja. Algumas delas já, ou quase, caíram no esquecimento; mas em seu conjunto, elas demonstram como o sacramento da sagrada Eucaristia tem sido o centro de todo o culto cristão a Deus, e a grande força da jubilosa reunião dos fiéis para louvar e agradecer ao Senhor.
            Apresentaremos a seguir, resumidamente, uma relação das celebrações eucarísticas na Igreja, com uma informação sucinta sobre cada uma delas:
a)    Santo Sacrifício da Missa: mistério central da nossa fé, a santa missa é o centro e o ápice do culto que os cristãos prestam ininterruptamente a Deus, no mundo inteiro.
b)    Exposição, adoração e benção do Santíssimo Sacramento da Eucaristia: partindo do princípio de que as hóstias consagradas, se não são todas elas consumidas durante a santa missa, permanece transubstanciadas no corpo do Senhor e merecem a nossa adoração, a Igreja expõe, fora da santa missa, a sagrada hóstia à adoração dos fiéis e, desde o século XVI, vem abençoando os fiéis, traçando sobre eles o sinal da cruz com a hóstia consagrada.
            Note-se que, antes de receber essa bênção, os fiéis devem, por um razoável período de tempo, adorar a sagrada Eucaristia, exposta à vista de todos, fora do sacrário. É por isso que sempre falamos em exposição, adoração e bênção do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, pois a Igreja não permite que haja só a bênção do Santíssimo, sem uma prévia adoração da hóstia sagrada; ou seja, é proibida a exposição do Santíssimo só para dar a bênção aos fiéis.
            Na falta do bispo, do presbítero e do diácono, um ministro extraordinário da Eucaristia poderá abrir o sacrário, colocar as âmbulas com as hóstias consagradas sobre um corporal, em cima do altar, para a adoração. No final dessa exposição, o ministro da Eucaristia - sem dar a bênção aos fiéis com o Santíssimo (pois essa função de dar a bênção com o Santíssimo é reservada apenas para aos ministros ordenados) - recolocará a sagrada hóstia no sacrário.
            Diante do Santíssimo, quer dentro do sacrário quer exposto sobre o altar, faz-se a genuflexão simples, ou seja, genuflete-se apenas com o joelho direito (cf. A sagrada comunhão e o culto do mistério eucarístico fora da missa. p. 49)´.
            Durante a exposição e adoração do Santíssimo Sacramento podem-se fazer, entre outros, os seguintes atos de piedade: leitura da Sagrada Escritura e de outros livros de conteúdo eucarístico; reflexões e exortações pelos ministros da palavra; meditação e momentos de piedoso silêncio e íntimo colóquio com Jesus Sacramentado; preces comunitárias pela Igreja; liturgia das horas; cânticos eucarísticos e marianos etc.
c)    Hora santa diante do Santíssimo Sacramento exposto: prática de piedade eucarística muito salutar e que, graças a Deus, continua sendo incrementada entre o povo fiel, sobretudo na primeira quinta-feira, na primeira sexta-feira e no primeiro Sábado de cada mês.
            Entre piedosos cânticos de louvor ao Santíssimo Sacramento do altar, reflexões e fervorosas preces, essas horas santas são geralmente divididas em quatro seções, de quinze minutos cada uma, dedicada a adorar, agradecer, reparar e suplicar.
d)    40 horas de adoração ao Santíssimo exposto: idealizada para comemorar às 40 horas em que o corpo de Jesus permaneceu no sepulcro antes da Ressurreição; essa piedosa prática de adorar o Santíssimo durante 40 horas ininterruptas foi iniciada em Milão, no século XVI.
e)    Adoração noturna ao Santíssimo exposto: em algumas igrejas e capelas, fiéis adoradores, religiosos e religiosas, costumam passar a noite em adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia solenemente exposto. São horas fecundas de graças, com orações e cânticos, em vigília diante do altar do Senhor. Essas horas de adoração, sobretudo quando são feitas durante o silêncio da noite, são chamadas de "horas de guarda ao Santíssimo Sacramento".
f)     Adoração perpétua ao Santíssimo exposto: o culto eucarístico é a grande fonte de graças e de vitalidade espiritual da Igreja. Em torno do Santíssimo congregam-se ininterruptamente desde congregações religiosas masculinas e femininas, contemplativas e ativas, com seus carismas de adoração perpétua a Jesus sacramentado, até a multidão dos fiéis, que acorrem sem cessar às igrejas e capelas onde se mantém a prática de adoração ao Senhor.
            É confortador, por exemplo, saber que na capital religiosa do Brasil - na cidade de Aparecida - o primeiro e histórico santuário, dedicado a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, está hoje transformado em sede da adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia. É a teologia viva da fé cristã: Maria, a Mãe, sempre conduz todos os seus filhos ao seu Filho Jesus, dizendo a todos eles: "Fazei tudo o que ele vos disser" (Jo 2,5).
g)    Festividade do Corpus Christi: originada na diocese de Liège, na Bélgica, no séc. XIII. Esta importante festividade litúrgica do cristianismo foi estendida a toda a Igreja Universal pelo papa Urbano IV, em 1264, passando a ser celebrada na Quinta feira seguinte ao domingo da festa da Santíssima Trindade.
h)   Procissão eucarística do Corpo de Cristo: para essa festividade litúrgica - que é dia santo de guarda - o Código do Direito Canônico prescreve uma solene procissão eucarística: "Na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, haja procissão pelas vias públicas" (cânon 944), para a qual são convidados o clero todo e os fiéis em geral. Tal procissão, instituída em 1323 pelo papa João XXII, é a única procissão fora dos átrios das Igrejas liturgicamente prescrita. Durante o seu percurso, pode haver algumas paradas (estações), inclusive com a bênção solene dos fiéis com o Santíssimo.
            Praças, ruas e casas recebem ornamentação variada e multicor, e os fiéis, tanto os que percorrem as ruas quanto os que ficam nas janelas e portas das casas, externam em preces e hinos a sua profunda devoção ao sacramento da Eucaristia, que é levado com fé e entusiasmo pelas ruas e praças das cidades, abençoando o povo.
i)     Congressos eucarísticos: são grandes concentrações de fiéis - em nível diocesano, regional e nacional e internacional - em torno do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. A idealizadora e incentivadora do I Congresso Eucarístico foi a jovem leiga Emília Tamisier (nascida em 1o de novembro de 1834, em Tours, na França), com a orientação e fervoroso apoio de seu confessor e diretor espiritual, São Pedro Julião Eymard, apóstolo da devoção e adoração ao Santíssimo Sacramento e fundador, em 1856, da Congregação dos Religiosos Sacramentinos, cujo carisma é o culto ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
            Na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, foi celebrada, em 1955, o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional.
            No dia 5 a 8 de outubro de 1989, na cidade de Seul, capital da Coréia do Sul,foi realizado o  Congresso Eucarístico Internacional. Esse foi o XLIV Congresso Eucarístico Internacional, cujo tema foi "Cristo, nossa Paz".
            Há trabalho imenso de fé, de piedade eucarística e de cultura religiosa por ocasião dos congressos eucarísticos, incluindo-se, entre outras iniciativas: a escolha da cidade-sede, do local para o altar-monumento e da praça das concentrações; o tema central do congresso; o lema, o brasão e o hino oficial (letra e musica); as exposições etc. (...) E, para os Internacionais, o sumo pontífice costuma enviar à cidade-sede do congresso, para representá-lo, um legado pontifício, que tem a presidência de honra do congresso.
j)      Comunhão espiritual: é uma prática de devoção eucarística que consiste essencialmente num desejo da alma cristã de está mais unida a Jesus Cristo espiritualmente, já que, naquele momento, não lhe é possível fazer a comunhão eucarística.
            A título de exemplo, eis uma fórmula de adoração e comunhão espiritual:
            "Creio, meu Jesus, que estais real e verdadeiramente presente no céu e no Santíssimo Sacramento do altar. Eu vos amo sobre todas as coisas e desejo vivamente receber-vos em minha alma. Como, porém, não posso fazê-lo agora, sacramentalmente, vinde, ao menos espiritualmente, ao meu coração. E, como se já tivesse vindo, eu vos abraço e me uno todo a vós. Não permitais, Senhor, que eu me separe de vós. Amém!"
k)    Visita ao Santíssimo: quando se fala de piedade eucarística, não se pode deixar de falar da visita ao Santíssimo Sacramento do altar, prática essa recomendada e vivida por grandes santos e mestres da vida espiritual, como São João Maria Vianey, São Julião Eymard, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo Antonio Maria Claret e tantos outros, que passavam horas em fervorosa adoração e colóquios com Jesus Sacramentado.
            Cabem, pois, com razão, nestas páginas, umas linhas para os ministros extraordinários da Comunhão para se alinharem, eles também, entre as almas eucarísticas, que não perdem uma oportunidade para uma visita e um colóquio amoroso com Jesus Sacramentado, divino prisioneiro nos nossos sacrários, à espera do amor de suas criaturas, aguardando aqueles que vêm visitá-lo ou buscá-lo para ser levado aos enfermos e anciãos que desejam recebê-lo em suas casas ou hospitais.
l)        Hinos eucarísticos litúrgicos: como sólido alimento à sua piedade eucarística, recomenda-se aos ministros que se familiarizem - lendo-os ou cantando-os com atenção - como os grandes hinos eucarísticos litúrgicos da Igreja, alguns deles célebres tanto pelo seu conteúdo teológico e místico quanto pela sua qualidade literária, quer em sua versão original em língua latina, quer em suas traduções vernáculas (língua própria).

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