quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

o que é advento?
            A palavra “Advento” é a tradução do latim “adventus”. Antes de ser usada no cristianismo, podia significar duas coisas. Primeiro, acreditava-se que a divindade vinha a seu templo uma vez por ano, num dia fixo, para visitar seus fiéis durante o culto e trazer-lhes salvação. Este dia era chamado “adventus”, o dia da vinda. Muitos templos só abriam suas portas naquele dia. Também a primeira visita oficial de uma pessoa importante, principalmente para: tomar posse e assumir o governo ou algum outro cargo importante, era chamada de “adventus” ou, em grego, “parusia” ou “epifania” (manifestação).
            Em sentido cristão, temos no Antigo Testamento, inúmeras passagens que falam de “advento”, isto é, da visita de Deus ou vindas de Javé a seu povo para realizar suas promessas (cf. Gn 54,24s; Jr 29,10; Zc 10,3, etc) ou para castigar a infidelidade de seu povo e, assim, ainda assegurar a salvação deles (Am 3,2; Os 4,9; Is 10,3, etc). Este dia da visita é também chamado “Dia de Javé” ou “Dia do Senhor”. Principalmente após o exílio, aguardava-se uma visita espetacular, uma intervenção definitiva de Javé para salvar seu povo e submeter todas as nações no “fim dos tempos”, estabelecendo assim o reino definitivo de Deus (Sb 3,7; Eclo 2,14).
            O Novo Testamento diz que deus realizou esta visita na pessoa de Jesus de Nazaré. Vejam, por exemplo, o que diz Simeão, quando este vê o menino Jesus sendo apresentado no Templo: “Meus olhos já viram a salvação, que preparaste diante de todos os povos” (Lc 2,29-32). Os discípulos de Jesus tinham a certeza de que ele iria inaugurar o Reino definitivo de Deus. Assustaram-se com sua morte: “Nós esperávamos que ele fosse redimir Israel...” mas... “nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte” (Lc 24,20-21).
            Portanto, viver o advento é ficar atento aos sinais do Reino entre nós: a denúncia das injustiças, a luta por melhores condições de vida; os gestos de partilha, a solidariedade e a ajuda mútua, principalmente entre os mais pobres; a atenção aos mais carentes, a defesa dos oprimidos... não basta ficar atento apenas; é preciso trabalhar, colaborar, agir, apressar a vinda do Reino; e ao mesmo tempo perceber tudo isso como um Dom de Deus. É Ele que está realizando o Reino entre nós, pelo seu Espírito que nos anima, nos guia, nos transforma. 

O advento dentro do ano litúrgico 

Costumamos a dizer que o ano litúrgico começa com o primeiro domingo do Advento, assim como o ano civil começa em 1º de janeiro. Bem, para falar a verdade, o ano litúrgico não tem começo nem fim. a cada ano voltam duas grandes festas: Páscoa e Natal. Páscoa é mais importante que o Natal. É a maior festa cristã, porque celebra a ressurreição de Jesus. Cada festa é precedida por um tempo de preparação (Quaresma e Advento) e se prolonga em outros domingos e festas (tempo pascal e tempo do Natal). Entre entes dois tempos há trinta e quatro “domingos e semanas do tempo comum”, às vezes substituídos por alguma festa importante: festa de São João, de São Pedro e São Paulo, da Assunção de Maria, de Todos os Santos, de Finados, etc.
            Se olharmos para o sentido do Advento, ele é tanto “fim”, quanto “começo”. Nas primeiras semanas, aponta mais para o “fim dos tempos” e, principalmente a partir do dia 17 de dezembro, aponta para o “começo”: o nascimento de Jesus. Faz-nos viver a expectativa e a preparação da vinda de Jesus no fim dos tempos, na glória de seu Reino, lembrando sua entrada na história e na caminhada de seu povo, com seu nascimento em Belém de Judá. 
Quando começa e quando termina o advento? 

            Começa com a oração da tarde na véspera do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que lhe fica mais próximo, terminando antes da oração da tarde na véspera do Natal do Senhor. São quatro os domingos do Advento. Até o dia 16 de dezembro, há orações e cantos próprios para a missa de cada dia, os mesmos se repetindo a cada semana. A partir do dia 17, cada dia tem sua missa própria.
            Há dois prefácios para as missas no tempo do Advento. O primeiro, a ser usado até 16 de dezembro, fala das duas vindas de Jesus: “Revestido de nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para realizar seu plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma Segunda vez, para conceder-nos em plenitude os bens outrora prometidos e que hoje vigilantes esperamos”. O segundo prefácio, a ser usado de 17 a 24 de dezembro, já nos coloca mais diretamente em clima de natal: “Foi ele (Cristo) que os profetas predisseram, que a Virgem esperou com amor de mãe, que João anunciou estar próxima e mostrou presente entre os homens. É ele que nos dá a alegria de nos prepararmos desde agora para o mistério de seu Natal, a fim de encontrar-nos em oração e celebrando os seus louvores. 
 
Advento: experiência de uma gravidez 

            De acordo com Paulo VI, na encíclica Marialis Cultus, o tempo do Advento é o mais propício para a veneração à Maria. Enquanto o mês de maio e o mês de outubro são devoções sem nenhuma ligação com o ano litúrgico, o Advento, principalmente a partir do dia 17 de dezembro, insere Maria na vivência da celebração do mistério Pascal.
            Então como fazer para que Maria seja inserida na celebração do Advento? Podemos destacar a imagem dela; no final da celebração cantar um hino a Maria, de preferência ligado ao Advento. Podemos destacar as duas festas marianas do mês de dezembro: dia 8, Solenidade da Imaculada Conceição, e dia 12, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira principal da América Latina. É há por fim a Novena de Natal, na qual Maria não pode ser esquecida.
            Neste período refletimos acerca da vinda do Filho de Deus que vem “do alto” como dom do Pai, mas precisa da aceitação das pessoas. Esta união entre Deus e a humanidade para a realização da salvação vem expressa em outra imagem bíblica durante o Advento: a imagem da terra que se abre para receber a chuva que faz a semente crescer; a terra que é fecundada pelo orvalho. Da mesma forma, Maria foi fecundada por obra do Espírito Santo e nos trouxe o autor de nossa salvação, Jesus Cristo (Mt 1,18-25; Lc 2,18-36). 

Natal dentro do ano litúrgico 


            Natal quer dizer nascimento. É o dia que os cristãos celebram o Natal de Nosso Senhor Jesus, o Filho de Deus que se fez um de nós. Deus entra na história dos homens para fazer dela uma história de salvação, de vida, de paz, de justiça, de fraternidade. Neste sentido as novenas tem nos ajudado a entendermos a valorizar o tempo do Advento: identificando-nos com Isaías, com João Batista e, principalmente, com Maria, grávida: com alegre expectativa preparamos e aguardamos a vinda do Filho. ele vem para assumir o Reino, assumir o governo de nossas vidas.
            O tempo do Natal começa com a oração da tarde da véspera de Natal e termina com o Domingo depois do dia 6 de janeiro. É um tempo festivo e alegre. As principais festas que correm neste tempo são as seguintes: primeiro as três festas tradicionais da manifestação do Senhor:
·         Natal (25 de dezembro): Celebração do nascimento de Jesus. Sua manifestação em nossa natureza humana, e a nova vida que recebemos por meio dele;
·         Epifania (6 de janeiro ou – como aqui no Brasil -  no domingo entre 2 e 8 de janeiro): Celebração da manifestação de Jesus às nações não judias, representadas na figura dos magos que vieram do Oriente; costuma-se chamar esta desta de “Dia de Reis”;
·         Batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo (domingo depois do 6 de janeiro ou na segunda-feira seguinte, caso o domingo seja ocupado com a festa da Epifania): Manifestação de Jesus, no Rio Jordão, como Filho de Deus; investidura como Rei-Messias.
No dia 1º de janeiro, ou seja, no oitavo dia depois do Natal, festejamos a Santa Mãe de Deus, Maria. Lembramos a circuncisão do Menino, ocasião na qual recebeu o nome de Jesus, que quer dizer “Javé Salvador”, “Deus salva”, “Deus ajuda”.
No domingo depois do Natal (ou no dia 31 de dezembro, caso o Natal e 1º de janeiro caiam domingo) celebra-se a festa da Sagrada Família. É uma festa bem recente: começou a existir somente em 1893, no 3º domingo depois da Epifania. É uma festa mais de devoção.
Nem sempre o calendário popular coincide com o oficial. Epifania, por exemplo: poucos sabem o que é isso. Mas todos conhecem “os Santos Reis”, ou “Dia dos Reis”. Só que o dia deles é 6 de janeiro mesmo, e não no domingo seguinte como se faz na liturgia oficial. 

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Bibliografia consultada:
BUYST, Ione. Preparando Advento e Natal. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 10-65.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Celebrações Eucarísticas

 1. Homem - ser festivo
            A criatura humana é, por natureza, um ser social, comunicativo, festivo. Gosta de comemorar, celebrar, festejar. Festeja uma data cívica, um aniversário... O ser humano celebra também alegremente a sua fé em Deus, a sós e em comunidade, com preces e cânticos de louvor e agradecimento ao Senhor, seu Deus.

2. Igreja - assembléia festiva
            Os cristãos reúnem-se para celebrar a sua fé. Em pequenos grupos e comunidades, como também em gigantescas assembléias e celebrações litúrgicas e paralitúrgicas. Ninguém vive, reza e se salva sozinho. Em determinadas ocasiões, há caminhadas festivas para a Igreja, procissões pelas ruas, peregrinações e romarias aos grandes santuários - locais, regionais, nacionais e internacionais - em que os fiéis, com grande júbilo, empunham-se velas acesas, iluminam as noites com as luzes da sua fé jubilosa.
            "A Igreja vive de celebrações, centradas na celebração eucarística. A Igreja não pode renunciar a ser ela mesma: a assembléia pascal e festiva dos que crêem no Ressuscitado" (Rey-Mermet. A fé explicada aos jovens e adultos. v. II. p. 164).

3. Domingo - dia do Senhor
            Para a Igreja Católica, isto é, "universal", o Domingo é dia do Senhor; o primeiro dia da semana; dia de festejar jubilosamente a fé em Jesus Cristo nosso Senhor, que ressurgiu vitorioso do sepulcro numa manhã de Domingo.
            A santa missa dominical, além de ser preceito de Deus e da Igreja, responde a necessidade que o ser humano e a Igreja têm de viver comunitariamente, jubilosamente, como uma grande família de Deus, a fé, a esperança e a caridade.
            A liturgia eucarística, sobretudo no Domingo, é o centro da vida e do culto dos cristãos a Deus. A missa dominical é a festa maior de toda a grande e festiva assembléia dos cristãos, fraternizada para celebrar a sua fé no Cristo Ressuscitado, e isso tudo no Domingo, palavra latina que significa dia do Senhor e é o primeiro dia da semana.
            É importante enfatizar este ponto: não devemos abrir mão da nossa missa dominical, da nossa confraternização de Domingo, ao redor do altar de Deus. É evidente que, se não for possível participar da missa no Domingo, deve-se fazê-lo em dia de semana. Mas não podemos deixar de escolher e aproveitar o Domingo para nos integrarmos nas grandes e festivas assembléias dos filhos de Deus, congregando jubilosamente ao redor de um altar, para a santa missa dominical. Aqui cabem duas recomendações:
·         É vontade de Deus e a Igreja ensina e recomenda que participemos da missa cada Domingo; se não for possível, em caso de doença, faça-se isso em dia de semana;
·         É bom e salutar participar da santa missa em cada Domingo; mas se por falta de sacerdote, não for possível a missa, se poderá participar de uma celebração da palavra de Deus e da recepção do santo sacramento da Eucaristia.

4. Modalidades de celebrações eucarísticas
            A título de informação, eis aqui uma relação de modalidades de celebrações eucarísticas praticadas na Igreja. Algumas delas já, ou quase, caíram no esquecimento; mas em seu conjunto, elas demonstram como o sacramento da sagrada Eucaristia tem sido o centro de todo o culto cristão a Deus, e a grande força da jubilosa reunião dos fiéis para louvar e agradecer ao Senhor.
            Apresentaremos a seguir, resumidamente, uma relação das celebrações eucarísticas na Igreja, com uma informação sucinta sobre cada uma delas:
a)    Santo Sacrifício da Missa: mistério central da nossa fé, a santa missa é o centro e o ápice do culto que os cristãos prestam ininterruptamente a Deus, no mundo inteiro.
b)    Exposição, adoração e benção do Santíssimo Sacramento da Eucaristia: partindo do princípio de que as hóstias consagradas, se não são todas elas consumidas durante a santa missa, permanece transubstanciadas no corpo do Senhor e merecem a nossa adoração, a Igreja expõe, fora da santa missa, a sagrada hóstia à adoração dos fiéis e, desde o século XVI, vem abençoando os fiéis, traçando sobre eles o sinal da cruz com a hóstia consagrada.
            Note-se que, antes de receber essa bênção, os fiéis devem, por um razoável período de tempo, adorar a sagrada Eucaristia, exposta à vista de todos, fora do sacrário. É por isso que sempre falamos em exposição, adoração e bênção do Santíssimo Sacramento da Eucaristia, pois a Igreja não permite que haja só a bênção do Santíssimo, sem uma prévia adoração da hóstia sagrada; ou seja, é proibida a exposição do Santíssimo só para dar a bênção aos fiéis.
            Na falta do bispo, do presbítero e do diácono, um ministro extraordinário da Eucaristia poderá abrir o sacrário, colocar as âmbulas com as hóstias consagradas sobre um corporal, em cima do altar, para a adoração. No final dessa exposição, o ministro da Eucaristia - sem dar a bênção aos fiéis com o Santíssimo (pois essa função de dar a bênção com o Santíssimo é reservada apenas para aos ministros ordenados) - recolocará a sagrada hóstia no sacrário.
            Diante do Santíssimo, quer dentro do sacrário quer exposto sobre o altar, faz-se a genuflexão simples, ou seja, genuflete-se apenas com o joelho direito (cf. A sagrada comunhão e o culto do mistério eucarístico fora da missa. p. 49)´.
            Durante a exposição e adoração do Santíssimo Sacramento podem-se fazer, entre outros, os seguintes atos de piedade: leitura da Sagrada Escritura e de outros livros de conteúdo eucarístico; reflexões e exortações pelos ministros da palavra; meditação e momentos de piedoso silêncio e íntimo colóquio com Jesus Sacramentado; preces comunitárias pela Igreja; liturgia das horas; cânticos eucarísticos e marianos etc.
c)    Hora santa diante do Santíssimo Sacramento exposto: prática de piedade eucarística muito salutar e que, graças a Deus, continua sendo incrementada entre o povo fiel, sobretudo na primeira quinta-feira, na primeira sexta-feira e no primeiro Sábado de cada mês.
            Entre piedosos cânticos de louvor ao Santíssimo Sacramento do altar, reflexões e fervorosas preces, essas horas santas são geralmente divididas em quatro seções, de quinze minutos cada uma, dedicada a adorar, agradecer, reparar e suplicar.
d)    40 horas de adoração ao Santíssimo exposto: idealizada para comemorar às 40 horas em que o corpo de Jesus permaneceu no sepulcro antes da Ressurreição; essa piedosa prática de adorar o Santíssimo durante 40 horas ininterruptas foi iniciada em Milão, no século XVI.
e)    Adoração noturna ao Santíssimo exposto: em algumas igrejas e capelas, fiéis adoradores, religiosos e religiosas, costumam passar a noite em adoração ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia solenemente exposto. São horas fecundas de graças, com orações e cânticos, em vigília diante do altar do Senhor. Essas horas de adoração, sobretudo quando são feitas durante o silêncio da noite, são chamadas de "horas de guarda ao Santíssimo Sacramento".
f)     Adoração perpétua ao Santíssimo exposto: o culto eucarístico é a grande fonte de graças e de vitalidade espiritual da Igreja. Em torno do Santíssimo congregam-se ininterruptamente desde congregações religiosas masculinas e femininas, contemplativas e ativas, com seus carismas de adoração perpétua a Jesus sacramentado, até a multidão dos fiéis, que acorrem sem cessar às igrejas e capelas onde se mantém a prática de adoração ao Senhor.
            É confortador, por exemplo, saber que na capital religiosa do Brasil - na cidade de Aparecida - o primeiro e histórico santuário, dedicado a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, está hoje transformado em sede da adoração perpétua ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia. É a teologia viva da fé cristã: Maria, a Mãe, sempre conduz todos os seus filhos ao seu Filho Jesus, dizendo a todos eles: "Fazei tudo o que ele vos disser" (Jo 2,5).
g)    Festividade do Corpus Christi: originada na diocese de Liège, na Bélgica, no séc. XIII. Esta importante festividade litúrgica do cristianismo foi estendida a toda a Igreja Universal pelo papa Urbano IV, em 1264, passando a ser celebrada na Quinta feira seguinte ao domingo da festa da Santíssima Trindade.
h)   Procissão eucarística do Corpo de Cristo: para essa festividade litúrgica - que é dia santo de guarda - o Código do Direito Canônico prescreve uma solene procissão eucarística: "Na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, haja procissão pelas vias públicas" (cânon 944), para a qual são convidados o clero todo e os fiéis em geral. Tal procissão, instituída em 1323 pelo papa João XXII, é a única procissão fora dos átrios das Igrejas liturgicamente prescrita. Durante o seu percurso, pode haver algumas paradas (estações), inclusive com a bênção solene dos fiéis com o Santíssimo.
            Praças, ruas e casas recebem ornamentação variada e multicor, e os fiéis, tanto os que percorrem as ruas quanto os que ficam nas janelas e portas das casas, externam em preces e hinos a sua profunda devoção ao sacramento da Eucaristia, que é levado com fé e entusiasmo pelas ruas e praças das cidades, abençoando o povo.
i)     Congressos eucarísticos: são grandes concentrações de fiéis - em nível diocesano, regional e nacional e internacional - em torno do Santíssimo Sacramento da Eucaristia. A idealizadora e incentivadora do I Congresso Eucarístico foi a jovem leiga Emília Tamisier (nascida em 1o de novembro de 1834, em Tours, na França), com a orientação e fervoroso apoio de seu confessor e diretor espiritual, São Pedro Julião Eymard, apóstolo da devoção e adoração ao Santíssimo Sacramento e fundador, em 1856, da Congregação dos Religiosos Sacramentinos, cujo carisma é o culto ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.
            Na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, foi celebrada, em 1955, o XXXVI Congresso Eucarístico Internacional.
            No dia 5 a 8 de outubro de 1989, na cidade de Seul, capital da Coréia do Sul,foi realizado o  Congresso Eucarístico Internacional. Esse foi o XLIV Congresso Eucarístico Internacional, cujo tema foi "Cristo, nossa Paz".
            Há trabalho imenso de fé, de piedade eucarística e de cultura religiosa por ocasião dos congressos eucarísticos, incluindo-se, entre outras iniciativas: a escolha da cidade-sede, do local para o altar-monumento e da praça das concentrações; o tema central do congresso; o lema, o brasão e o hino oficial (letra e musica); as exposições etc. (...) E, para os Internacionais, o sumo pontífice costuma enviar à cidade-sede do congresso, para representá-lo, um legado pontifício, que tem a presidência de honra do congresso.
j)      Comunhão espiritual: é uma prática de devoção eucarística que consiste essencialmente num desejo da alma cristã de está mais unida a Jesus Cristo espiritualmente, já que, naquele momento, não lhe é possível fazer a comunhão eucarística.
            A título de exemplo, eis uma fórmula de adoração e comunhão espiritual:
            "Creio, meu Jesus, que estais real e verdadeiramente presente no céu e no Santíssimo Sacramento do altar. Eu vos amo sobre todas as coisas e desejo vivamente receber-vos em minha alma. Como, porém, não posso fazê-lo agora, sacramentalmente, vinde, ao menos espiritualmente, ao meu coração. E, como se já tivesse vindo, eu vos abraço e me uno todo a vós. Não permitais, Senhor, que eu me separe de vós. Amém!"
k)    Visita ao Santíssimo: quando se fala de piedade eucarística, não se pode deixar de falar da visita ao Santíssimo Sacramento do altar, prática essa recomendada e vivida por grandes santos e mestres da vida espiritual, como São João Maria Vianey, São Julião Eymard, Santo Afonso Maria de Ligório, Santo Antonio Maria Claret e tantos outros, que passavam horas em fervorosa adoração e colóquios com Jesus Sacramentado.
            Cabem, pois, com razão, nestas páginas, umas linhas para os ministros extraordinários da Comunhão para se alinharem, eles também, entre as almas eucarísticas, que não perdem uma oportunidade para uma visita e um colóquio amoroso com Jesus Sacramentado, divino prisioneiro nos nossos sacrários, à espera do amor de suas criaturas, aguardando aqueles que vêm visitá-lo ou buscá-lo para ser levado aos enfermos e anciãos que desejam recebê-lo em suas casas ou hospitais.
l)        Hinos eucarísticos litúrgicos: como sólido alimento à sua piedade eucarística, recomenda-se aos ministros que se familiarizem - lendo-os ou cantando-os com atenção - como os grandes hinos eucarísticos litúrgicos da Igreja, alguns deles célebres tanto pelo seu conteúdo teológico e místico quanto pela sua qualidade literária, quer em sua versão original em língua latina, quer em suas traduções vernáculas (língua própria).
A missão
 
1.1. Pelo Batismo Recebi uma missão (Dom Pedro Casaldália)
            Desejaria que cada uma, cada um de nós, pudesse visitar pelos menos em espírito a própria pia batismal, mergulhar nela a cabeça e redescobrir a missionariedade do próprio Batismo. Sou batizado? Então devo ser missionário! Se não sou batizado, então... não sou cristão!
 
1.2. O Trabalho da animação missionária
            O trabalho da animação missionária visa uma Igreja EVANGELIZADA, EVANGELIZADORA E ABERTA AO MUNDO.
1.3. Ética Missionária
            Toda pessoa humana tem o Direito de conhecer e acolher Jesus em suas vidas... e dele receber a salvação. É DEVER  de todo cristão batizado testemunhar e anunciar a Boa Nova para o mundo inteiro. O compromisso missionário deve ser assumido com COERÊNCIA, de acordo com as exigências da missão e da realidade, valorizando a vocação de cada um, num espírito de solidariedade, doação e gratuidade.
“O que nós vimos e ouvimos, a todos anunciamos” (1 Jo 1,1s).
1.4. Missão é partir (Dom Hélder Câmara)
“Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso eu. É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fôssemos o centro do mundo e da vida. É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos: a umanidade é maior. Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros. É sobretudo abrir-se aos outros irmãos, descobri-los e encontrá-los. E, se para encontrá-los é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo”.
1.5. Ad Gentes: Intercâmbio Missionário
            A Nova Evangelização visa dar continuidade às muitas formas de colaboração entre as Igrejas locais (paróquias\comunidades) que têm o mesmo dever de anunciar o Evangelho.
1.6. Ecumenismo: uma utopia deste século
            Toda pessoa é chamada a proclamar os dons que recebeu de Deus. Ninguém pode viver a felicidade sozinho, sem olhar ao seu redor.
1.7. É missão ser todo ser humano
            É missão de todo ser humano AMAR, RESPEITAR, DEFENDER E DESENVOLVER A VIDA, única coisa que Deus criou.
1.8. A Missão de Jesus Cristo
“Eu vim para...” (“Vieste para...”)
·         CUMPRIR TODA JUSTIÇA, reerquer a humanidade decaída, repropor o projeto, ou Ordem de Deus (Cf. Mt 3,13-17);
·         ACABAR COM O MAL, com tudo o que ameaça a vida (Cf. Mc 1,23-28; 5,7);
·         PROCLAMAR A BOA NOVA aos pobres e excluídos, mostrar o Reino já presente na história (Cf. Lc 4,18ss);
·         SERVIR E DAR A VIDA em resgate de muitos (Cf. Mt 20,25-28);
·         PARA QUE TODOS TENHAM VIDA em abundância (Cf. Jô 10,11).
1.9. A Missão dos discípulos
            É missão de todo cristão(ã), em comunhão com toda a Igreja:
·         PROCLAMAR EM PRIMEIRO LUGAR O REINO E SUA JUSTIÇA (Cf.Mt 6,33);
·         SERVIR COM HUMILDADE (Cf. Jô 13,13-16);
·         ANUNCIAR E TESTEMUNHAR (Cf. Mc 16,15; Mt 5,13-16);
·         CURAR TODA ENFERMIDADE, ACABAR COM O MAL (Cf. Mt 10,5-10);
·         DAR A VIDA (Cf. Mc 8,34ss; Jô 12,24).
“Ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9,16)
É Missão de toda pessoa AMAR, RESPEITAR, DEFENDER E PROMOVER A VIDA.
1.10. O Essencial
            O essencial é o que Jesus INSTITUIU. Toda vez que no Evangelho, Jesus pronuncia as palavras IDE, VÁ, FAÇA A MESMA COISA, com toda probabilidade, naquele momento, ele está instituindo algo importante, essencial para o trabalho de evangelização e para a vida cristã e comunitária de todo dia.
            Em primeiro lugar Jesus instituiu A MISSÃO (Mt 10; 28,16-20; Mc 5,19): anúncio e testemunho da Boa Nova. E, como forma concreta, de realizar a missão, indica o SERVIÇO (Jo 13,12-17) e a CARIDADE (Lc 10,29-37). Toda a ação missionária é sustentada e fortalecida pela EUCARISTIA (Lc 22,14-20).
1.11. A missão da Igreja no mundo
            A “natureza missionária” da Igreja se revela num processo abrangente de luta pela vida e contra o pecado. É um processo de contextualização de uma mensagem universalmente libertadora.
1.12. A missão dos Leigos
            O Concílio Vaticano II (1962-1965) afirma que os leigos são, de modo particular, chamados a tornarem a Igreja presente e operosa naqueles lugares e circunstâncias onde apenas através deles ela pode chegar como sal da terra.
            Através de uma participação nas diversas pastorais, na catequese e nos movimentos, os leigos dão uma contribuição única na comunicação da Palavra de Deus, na construção e no crescimento das comunidades.
1.13. Igreja Ministerial-Missionária
            Uma comunidade cristã pode ser considerada ministerial e missionária quando acolhe e incentiva, acompanha e valoriza todas as vocações; cria espaços, dá oportunidades para que cada vocacionado (a) possa responder ao chamado de Deus e trabalhar, juntamente à sua comunidade, a serviço do Reino, no próprio ambiente e além de todas as fronteiras.
            O diálogo é fundamental para o trabalho missionário, pois possibilitará o encontro, o intercâmbio e a recíproca valorização.
1.14. O protagonista da Missão
            A ação do Espírito Santo, protagonista da missão, se dá na evangelização (de preferência na periferia). Ela é visível nos sinais dos tempos (promoção da vida...) e visa a construção do Reino (vida plena, terra sem males...).
Toda cultura, com seus valores, promove a vida e pode ser considerada lugar da presença e da ação do Espírito Santo.
Só se ama o que se conhece. Jesus Cristo, seu projeto, sua missão, o mundo, suas criaturas, suas riquezas culturais, precisam ser conhecidos e amados.
1.15 O ministério da ternura: Afinidade entre a mulher e o Espírito Santo
            A feminilidade é uma dimensão que tem a mulher como protagonista, Maria como modelo, o Espírito Santo como parceiro e a reconciliação universal como projeto.
1.16. Discípulas e anunciadoras
            “E elas se lembraram de suas palavras... e anunciavam tudo aos onze, bem como a todos os outros” (Lc 24,8-9).
 
 
A EVANGELIZAÇÃO NAS CASAS
 
Toda e qualquer ação evangelizadora deve ter como fundamento a missão do Pai que foi confiada a Jesus e que Ele a confiou à sua Igreja e, que ao longo dos séculos, vem sendo assumida por todos os cristãos e cristãs. Hoje, somos nós os responsáveis pela missão evangelizadora da Igreja.
1. primeiro passo: O Pai envia seu Filho, para instaurar o Reino de Deus. O Filho envia sua Igreja, para evangelizar, proclamar a Boa Nova, proclamar o Evangelho. É a Igreja que recebe a ordem, por isso somos enviados em nome dela; Os representantes da Igreja, o Papa, nossos Bispos e Sacerdotes, em nome de Deus nos enviam em missão Evangelizadora. Com o envio, recebemos a autoridade de ir proclamar o Evangelho. “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). No exercício da missão os evangelizadores devem ir de dois em dois, como nos diz a Palavra de Deus, sempre acompanhados da Bíblia, do Quartum (Antigo Terço)... devem anunciar a Boa Nova a todos, indistintamente;
 
2. segundo passo: Antes de sair em missão é necessários que os evangelizadores rezem primeiro, pedindo a graça de Deus para serem instrumentos nas mãos de Deus, suplicando o dom do Espírito Santo e invocando a intercessão da Virgem Maria. É necessário fazer um momento de oração juntos. O mais importante é levar uma vida de oração constante para que os frutos da missão apareçam. Pela comunhão com Deus conhece-se a Sua vontade;
 
3. terceiro passo: Antes de bater à porta da casa que irá receber a evangelização é necessário: orar pela família, pela casa, pedir bênçãos para a família. Nunca esquecer de pedir que Deus, na sua infinita misericórdia, conceda vida nova aos que forem evangelizados (fazer a oração discretamente);
 
4. quarto passo: Chegando na casa, apresente-se e identifique-se como pessoas enviadas pelos representantes da Igreja Católica, isto é, como missionários. Sugestão: iniciar a conversa oferecendo uma mensagem do Amor de Deus e perguntando se querem ouvir. Se a pessoa se recusar a ouvir, diga muito obrigado pela atenção e que Deus a abençoe; Quando a pessoa aceita é importante anunciar o Querigma, isto é,
  • Anunciar que Deus nos ama a todos, que todos somos pecadores, mas que Jesus morreu na cruz por mim, por você, por todos nós. Dar testemunho (contar, relatar vários exemplos de conversão, de mudanças de vida);
  • Às vezes, é mais importante ter um contato pessoal com a pessoa, por meio de um abraço, um aperto de mão, fazendo-se sentir o Amor de Deus, do que ficar falando;
  • Deve-se ajudar as pessoas a querer experimentar o Amor de Deus, hoje e sempre. Algumas Perguntas podem ajudar: Você quer mudar de vida? Quer ter uma situação muito melhor na família? Consigo mesmo? Hoje Jesus quer tocar seu coração: aqui e agora. Você quer experimentar o amor de Deus? Assim a pessoa participa do Querigma;
 
5. QUINTO PASSO: Orar pelo evangelizando. Se for conseguido o objetivo da Evangelização e se perceber que o evangelizado sentiu necessidade de uma experiência pessoal com Jesus, deve-se orar por ele. Convidá-lo para um momento breve de oração. Ele deve escutar a oração e o evangelizador deve orar por ele e em seu nome. Exemplo de oração: Jesus, agradeço-Lhe por que me amas. Obrigado, Senhor, porque veio me libertar do pecado, da situação de vida familiar e pessoal difícil que estou enfrentando. Obrigado, Jesus, porque o Senhor morreu por mim, para me libertar, para dar-me a vida Nova. Aumenta minha fé porque eu quero crer no Senhor. Eu quero que transforme minha vida, minha família. Jesus dê-me o Espírito Santo. Maria Santíssima venha à minha casa;
 
6. sexto passo: Perguntar ao evangelizando se ele gostaria de orar de uma maneira especial pela sua família, filhos, esposo ou esposa. O papel do evangelizador é apoiar a oração do evangelizando. Se ele reza, muito bem! Se não reza, também muito bem. O importante é ter um encontro pessoal com Deus. Quando oramos pelo evangelizando, nossa oração deve ser simples e dentro da linha querigmática. Para tocar no evangelizando precisamos pedir licença; respeite sempre a liberdade da pessoa. Não esquecer de perguntar se há algum doente dentro de casa, acamado ou com necessidades especiais, e se gostaria que orasse por ele (fazer uma oração simples, direta);
 
7. sétimo passo: Pedir o Espírito Santo. Fazer uma oração pedindo o Espírito Santo para o evangelizando. Se chegarmos a uma casa onde as pessoas já tem uma experiência de Deus, devemos partilhar com elas rapidamente sobre a Boa Nova, orar juntos e pedir que continue orando pelo trabalho de evangelização e participando das atividades comunitárias com assiduidade;
 
8. oitavo passo: Integração à Comunidade (Convite). Se o evangelizando aceitou a mensagem de Deus convide-o a integrar-se a comunidade. É na comunidade que ele irá encontrar a plenitude da Vida em abundância. Devemos informar todas as reuniões, horários de missas, confissões, orações, enfim, tudo o que a comunidade faz. Se for necessário, levá-lo a Paróquia ou a Comunidade. É preciso que a gente se interesse de verdade pelo evangelizando,


ajudando e acompanhando-o na fé. Para isso se propõe a formação de uma equipe que possa fazer esse serviço na comunidade ou na paróquia após a evangelização.
 
  1. orientações práticas:
    • Ajudar a pessoa a dar uma resposta e um passo de fé, fazer com que ela creia e dê um passo de conversão. É necessário mudar de vida, aceitar Jesus e sua proposta de coração;
    • Enquanto um evangelizador anuncia o outro reza no silencio do seu coração. Quando percebe que pode intervir para esclarecer ou acrescentar algo, o outro ora;
    • O Evangelizador não deve falar o tempo todo, mas, também escutar. Nunca deixe desviar o objetivo da evangelização. Não se escandalizar ou fazer julgamentos daquilo que as pessoas falarem (tentativa de suicídio, abortos, violência, adultério, etc);
    • Deixar as pessoas desabafarem e expressarem seus sentimentos. Tenha sempre uma postura de calma e acolhida. Nunca diga: “não chore” ou “existem pessoas com maiores problemas que os seus”; isto pode favorecer a acomodação e impedir a pessoa de pedir a ajuda de Deus e mudar de vida;
    • Não discutir, não brigar, somente manifestar o amor de Deus através de atitudes e gestos que expressem a nossa identidade cristã. Sigilo absoluto (o que ouvir não falar nem comentar com ninguém);
    • Não dar opiniões próprias sobre assuntos polêmicos dentro da Igreja como por exemplo: casamento dos padres, pena de morte, segundo casamento, imagens, santos, homossexualismo, etc.;
    • Reclamações contra a Igreja, padres, religiosos, líderes leigos são pontos delicados da evangelização e que devemos ter muito cuidado. Devemos ter uma atitude de acolhida e convidar essa pessoa a rezar e perdoar estas “possíveis falhas ocorridas”;
    • Quando tiver perguntas sobre doutrinas e dogmas da Igreja não tentar solucionar, pois não estamos catequizando, mas evangelizando;
    • Não ter pressa na evangelização e ir conforme a pessoa quiser. Ao mesmo tempo, usar de bom senso: cuidado com conversas desnecessárias de pessoas que querem atrapalhar a evangelização;
    • Se encontrar pessoas de outras religiões respeitar sua maneira de expressar sua fé, mas se possível, demonstrar sua alegria de pertencer a Igreja Católica. Nunca discutir ou querer esclarecer pontos doutrinários diversos.
    • Dificuldades: casais que convivem, mas que são desquitados ou divorciados: ouvi-los, orientá-los sempre com muita caridade, saber entender a situação em que se encontra, explicar que podem e devem freqüentar a comunidade; pessoas que freqüentam a Igreja Católica e outras igrejas ou seitas, alegando que todas são boas porque levam a Deus: procurar explicar sempre com muita caridade e sem discutir que a Igreja Católica foi fundada por Jesus Cristo, nosso único Salvador e, que continua através dos apóstolos até o dia de hoje.
 
  1. algumas citações bíblicas:
    • Amor de Deus: Jr 31,3 – Amo-te com amor eterno; Is 49,15 – Ainda que as mulheres se esquecerem de seus filhos eu não me esquecerei de ti; Is 43,4 – Porque és precioso aos meus olhos, porque eu te aprecio e te amo;
    • Pecado: Rm 3,23 – Todos pecaram e estão privados da glória de Deus; 1 Jo 1,8-9 – Se dissermos que não temos pecados enganamo-nos a nós mesmos;
    • Salvação de Jesus: Jo 3,16-17 – De tal modo Deus amou o mundo que mandou o seu Filho para que todo o que nEle crer tenha a vida eterna; Jo 10,10 – Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância; Cl 2,13-14 – É Ele que nos perdoou todos os pecados;
    • Fé e Conversão: At 3,19 – Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para serem apagados os vossos pecados; Jo 3,3 – Quem não nascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus; Ap 3,20 – Eis que estou à porta e bato: se alguém abrir, entrarei em sua casa e cearei com ele; Hb 11,1 – A fé é o fundamento da esperança e a certeza a respeito do que não se vê;
    • Espírito Santo: At 1,8 – Descerá o Espírito Santo e vos dará força e sereis minhas testemunhas; At 2,39 – A promessa é para vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe; Ez 36,26 – Dar-vos-ei um novo coração e em vós porei um espírito novo; Jo 4,14 – A água que eu lhe der virá a ser nele fonte de água viva;
    • Comunidade: Rm 12,5 – Embora sejamos muitos, formamos um único corpo em Cristo; 1 Tm 3,15 – Quero que saibais como deves portar-te na casa de Deus que é a Igreja;
    • Oração Final: Lc 10,1-20 – Não vos alegreis porque os espíritos vos estão sujeitos, mas alegrai-vos de que os vossos nomes estão escritos nos céus.
 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

INTRODUÇÃO À BÍBLIA: ANTIGO E NOVO TESTAMENTO

1. O CONTEXTO HISTÓRICO-GEOGRÁFICO EM QUE SURGE A BÍBLIA

a)A geografia (o espaço)
O embrião da Bíblia, o Antigo Testamento, surgiu no seio do Povo Hebreu, que habitava a Palestina (= terra de Israel: 2 Cr 2,17; 1 Sm 13,19; Canaã: Gn 11,31; Ex 15,15; Terra Santa: Zc 2,16; Judá: Lc 1,5; Terra Prometida: Hb 11,9). A Palestina é uma região situada na bacia do Mar Mediterrâneo, tendo ao sul o Egito (África), ao norte a Mesopotâmia (na Ásia), ao ocidente a Europa e ao oriente está incluída dentro da chamada meia-lua fértil. A Palestina situa-se como chave entre duas grandes e antigas culturas:

A Mesopotâmia é uma região fértil e por isso com freqüentes problemas políticos e econômicos, pois todos ambicionam essas terras. Nessa região há muitos movimentos de tribos nômades que se mudam freqüentemente com seus rebanhos atrás de pastagens. É nesse contexto que encontramos o patriarca Abraão e sua família em sua trajetória: Ur - Haarã – Canaã (cf. Gn 12-13). Depois, essa caminhada é "revista" (à luz do Êxodo) como caminhada de fé.

O Egito é constituído pelo vale do Nilo, região também fértil por causa das inundações do rio, onde se cultivava o trigo. (É ai que se inscreve o episódio de José e seus irmãos no Egito). Trata-se de uma civilização muito antiga (4500 a.C.).

Essas duas regiões, por muito tempo foram a sede de duas grandes potências políticas. Entre elas situava-se o corredor que permitia o contato entre ambas, e onde era muito intenso o movimento de caravanas. O povo que vivia nessa região-corredor era sempre massacrado: ora dependente de uma, ora de outra potência.

Assim, o lugar onde surge a Bíblia não é um lugar isolado. Trata-se de uma região-chave entre a Ásia, África e Europa e por isso a Bíblia recebe influência cultural de todas essas civilizações, sobretudo do Egito e da Mesopotâmia. (De fato podemos encontrar fragmentos de mitos babilônicos na Bíblia). A Palestina é uma pequena região que mede, de norte a sul, cerca de 300 Km (alguns falam de 240 Km na faixa entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão) e de leste a oeste varia entre 45 a 85 km. Sua superfície é de 25.000 km2, pouco maior que o estado de Sergipe .

b) A história (o tempo)
Poderíamos dividir a história (bíblica ou) do Povo de Deus em 5 etapas:
1ª) Das origens à Realeza – Período Tribal (1750-1010 a.C. – Gn, Ex, Nm, Js 1,1-12,24, 13-24; Jz): compreende a etapa que vai desde a constituição do povo com a experiência fundante da libertação da escravidão no Egito (Êxodo), experiência no deserto, Aliança no Sinai, entrada na Terra prometida, período dos Juizes, até a realeza.

2ª) O período da Realeza: que inicia com Saul, tem seu ápice com Davi e Salomão (império de Davi e Salomão: 1010-931 a.C – 1 Sm 1-1 Rs 11), e se estende durante todo o período da divisão do Reino, compreendendo a deportação do Reino do Norte (Israel) para a Assíria em 722 a.C., até o exílio do Reino do Sul (Judá) na Babilônia (587 a.C.). Neste período destaca-se o império Assírio (824-612 a.C. – 2 Rs 1-24; Is 36-39).

3ª) O tempo do Exílio (587-538 a.C. - império Babilônico): que compreende o período do exílio na Babilônia, com trabalhos forçados, a crise de identidade, até o retorno à terra, com Esdras e Neemias.

4ª) O Pós-Exílio (538-331: o império Persa – Esd; Ne): a tentativa de reorganização do povo com a reconstrução da cidade de Jerusalém e do Templo, a reestruturação da cultura e religião judaicas em torno da Lei e do Templo, legalismo, nacionalismo (surgimento do Judaísmo), até a época dos Macabeus (331-64 a.C. – 1-2 Mac - império Grego).

5ª) O Novo Testamento (63 a.C. – 135 d.C. - império Romano): o tempo de Jesus, as primeiras comunidades cristãs, as perseguições e a expansão do Cristianismo. (de + 4 a.C. a 110 d.C).

2. NOÇÕES GERAIS SOBRE A BÍBLIA
2.1. A origem etimológica da palavra Bíblia
A palavra Bíblia se origina do grego: biblos, que significa "livro"; no diminutivo, bíblion, "livrinho" ou "livrete", que no plural fica bíblia, isto é, "vários livrinhos".

A Bíblia é, portanto, um conjunto de vários pequenos livros, redigidos em épocas e circunstâncias diversas, por distintas comunidades ou autores.

2.2. A divisão da Bíblia
A) Para os judeus, a Bíblia é composta apenas pelos livros do Antigo Testamento e está dividida em três partes: a Lei, os Profetas e os Outros Escritos. (ver Eclo. 1,1).

a) A Lei ou TORAH - para os hebreus esta palavra (Lei) é mais abrangente do que para nós, pois para eles, a Lei inclui a história. Através da Torah Deus dá a direção, traça a trajetória para a história do seu povo. A Lei, portanto, não é letra morta, mas tem sentido dinâmico. A Torah é formada pelos cinco primeiros livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Esse conjunto de livros é também chamado de Pentateuco (de Penta= cinco e Teukos= vasos de barro onde eram guardados os rolos da lei). A Lei é o núcleo fundamental da bíblia para os hebreus.

b) Os Profetas ou NEBYIM - São livros complementares à Lei. Os profetas são pessoas que orientam o povo nos caminhos da Lei. Dos que deixaram livro escrito, conhece-se 4 grandes profetas e 12 profetas menores, porém muitos mais devem ter sido os profetas em Israel.

c) Os Escritos ou KETUBYIM - são os demais livros, dentre os quais se incluem alguns dos que hoje chamamos Históricos e Sapienciais.

B) Para os católicos a Bíblia completa possui 73 livros e está dividida em duas grandes partes: o ANTIGO TESTAMENTO e o NOVO TESTAMENTO.

I - O Antigo Testamento possui 46 livros, assim subdivididos:
a) O Pentateuco (5 livros), que corresponde à Lei ou Torah dos judeus e que, portanto, é formado pelos mesmos cinco livros: Gn, Ex, Lv, Nm e Dt.

b) Os Livros Históricos (16 livros) - JOSUÉ, JUÍZES, RUTH, I e II SAMUEL, I e II REIS, I e II CRÔNICAS (ou Paralipômenos), ESDRAS, NEEMIAS, TOBIAS, JUDITE, ESTER, I e II MACABEUS.

c) Os Livros Sapienciais (7 livros) - JÓ, SALMOS, PROVÉRBIOS, ECLESIASTES (ou COÉLET), CÂNTICO DOS CÂNTICOS, SABEDORIA e ECLESIÁSTICO (ou SIRAC).

d) Os Livros Proféticos (18 livros) - ISAÍAS, JEREMIAS (+ LAMENTAÇÕES e BARUC), EZEQUIEL,*DANIEL (os chamados profetas maiores), OSÉIAS, JOEL, AMÓS, ABDIAS, JONAS, MIQUÉIAS, NAUM, HABACUC, SOFONIAS, AGEU, ZACARIAS e MALAQUIAS.

II - O Novo Testamento possui 27 livros, assim distribuídos:
a) Os 5 livros históricos - Os 4 Evangelhos (MATEUS, MARCOS, LUCAS e JOÃO) e o livro dos ATOS DOS APÓSTOLOS.

b) As 21 Cartas dos Apóstolos - 14 de São Paulo (ROMANOS, 1ª e 2ª CORÍNTIOS, GÁLATAS, EFÉSIOS, FILIPENSES, COLOSSENSES, 1ª e 2ª TESSALONICENSES, 1ª e 2ª TIMÓTEO, TITO, FILEMON e a Carta aos *HEBREUS); 1 de São Tiago, 2 de São Pedro, 3 de São João e 1 de São Judas Tadeu.

c) Um livro profético, o APOCALÍPSE DE SÃO JOÃO.
A Bíblia compreende, portanto, um conjunto de escritos diversos e, se esses escritos tão diversos foram reunidos para formar um único livro é porque existe um fato comum a todos eles, que levou o povo judeu a reuni-los. E esse fato é a Aliança pessoal e comunitária feita entre Deus e o seu Povo (e por ele, com toda a humanidade). Por isso esses escritos continuam a ter valor para nós que queremos continuar a manter essa Aliança com Deus.

3. COMO MANUSEAR E LER A BÍBLIA
Para ler com proveito a Bíblia é preciso considerá-la sob quatro aspectos que se complementam:

a) Ter noção sobre os gêneros e as particularidades literárias da obra. (Não se pode ler e interpretar da mesma forma um poema e um relato histórico);

b) Situar o escrito em seu contexto histórico, levar em consideração as circunstâncias que o causaram, seus destinatários;

c) O ensinamento religioso transmitido pelo escritor aos seus contemporâneos;

d) Colocar esse ensinamento no contexto da revelação total, em vista da perfeição cristã.

Não é recomendável ler a Bíblia página por página de forma mecânica e indiscriminada. É prudente que se comece a lê-la a partir dos livros mais fáceis.

Abaixo indicamos um roteiro para leitura, de acordo com a marcha ascendente da revelação rumo a Cristo e seguindo a ordem cronológica dos escritos:

1) Das origens à Realeza: Os cinco livros do Pentateuco, Josué, Juizes, I e II Samuel, I e II Reis.

2) No período da Realeza: Os profetas antigos (Oséias, a primeira parte do livro de Isaías (cap. 1-39), Miquéias, Naum, Sofonias, Habacuc e Jeremias)

3) No tempo do Exílio: As Lamentações, Ezequiel, Abdias e a 2ª parte do livro de Isaías.

4) Após o Exílio: O I e II Paralipômenos (Crônicas), Esdras e Neemias, Ageu, Zacarias, Malaquias, Joel e Jonas, Rute, Tobias e Éster e os escritos sapiencias: Jó, Eclesiastes, Eclesiástico e Cântico dos Cânticos.

5) À época dos Macabeus: Sabedoria, Baruc, Daniel e I e II Macabeus.

6) Para o Novo Testamento:

7) Os Evangelhos sinóticos,

8) Os Atos dos Apóstolos,

9) As dez primeiras cartas de São Paulo,

10) As outras 4 cartas de São Paulo (as Pastorais),

11) As 7 epístolas católicas,

12) O evangelho de São João e o Apocalipse.

Os livros dos Salmos não têm época determinada e pode ser lido como meditação e oração independente de qualquer ordem cronológica.

Uma prática excelente é ler simultaneamente o Antigo e o Novo Testamento, procurando descobrir as relações que há entre eles.

Em síntese, deve o leitor do livro sagrado desenvolver em si a consciência dos 5 sentidos, necessários para uma boa e proveitosa leitura da Bíblia: o sentido da fé, o sentido da história, o sentido do movimento progressivo da revelação, o sentido da relatividade das palavras e o bom senso.

3.1. Como ler as citações bíblicas:
As citações dos textos bíblicos são feitas da seguinte maneira: abreviatura do título do livro seguindo o capítulo e versículo. É importante também saber distinguir a importância dos sinais de pontuação:

• A vírgula separa o capítulo dos versículos (Mc 8,27; Mc 8,1-3; o versículo inicial e o versículo final podem estar em capítulos diferentes, Ex.: Mc 8,34-9,1);

• O ponto indica um salto entre os versículos. Lê-se somente os números indicados (Ex.: Mc 8,1-3.34-36);

• O ponto e vírgula separam citações dentro de um mesmo livro ou de um livro para outro (Ex.: Mc 6,34-37; Mt 5,1-12);

• O hífen é o contrário do ponto e lê-se de um versículo até o outro (Ex.: Jo 6,53-58);

• Um s indica o versículo imediatamente seguinte ao que o precede (Ex.: Mc 8,27s);

• Dois ss indicam os dois versículos imediatamente seguintes ((Ex.: Mc 8,27ss). Para mais de três versículos usa-se o hífen;

• Quando não se indica o versículo, trata-se do capítulo inteiro (Ex.: Mc 8-10).

4. A LÍNGUA DA BÍBLIA, AS TRADUÇÕES E A DIFERENÇA ENTRE A BÍBLIA CATÓLICA E A PROTESTANTE
A Bíblia foi originariamente escrita em três línguas diferentes: o hebraico, o aramaico e o grego. A maior parte do Antigo Testamento foi escrita em hebraico, língua falada na Palestina antes do cativeiro. Depois do cativeiro, o povo da Palestina começou a falar o aramaico, mas a Bíblia continuou a ser escrita, copiada e lida em hebraico e muitas pessoas já não conseguiam entender as Escrituras. Criaram-se então, escolas para se ensinar o hebraico e poder entender a Bíblia. Só uma pequena parte do Antigo Testamento foi escrita em aramaico. Apenas um único livro do Antigo Testamento (o livro da Sabedoria) e todo o Novo Testamento foram escritos em grego. O grego era a nova língua do comércio, que dominou o mundo após as conquistas de Alexandre Magno, no século IV a.C.

Por outro lado, depois do cativeiro em Babilônia, entre os anos 400 a 300 a.C., muitos judeus emigraram da Palestina para o Egito e aí foram esquecendo a língua materna e já não entendiam o hebraico nem o aramaico, mas só o grego, língua falada até no Egito, havendo a necessidade de se traduzir a bíblia para essa língua. Por isso, no século III a.C. um grupo de sábios judeus resolveu traduzir o Antigo Testamento do hebraico para o grego. Esta foi a primeira tradução da Bíblia, chamada de SEPTUAGINTA ou SETENTA. A partir de então, passou a existir duas versões da Bíblia, uma em hebraico, usada pelos judeus que moravam na Palestina e outra em grego, usada pelos judeus que viviam no Egito.

Ocorre que na época em que foi feita a tradução grega dos Setenta, a lista (ou cânon) dos livros sagrados ainda não estava definida e os judeus da diáspora foram acrescentando mais livros à sua bíblia (em grego). Com isso, a lista dos livros da versão grega ficou maior que a lista dos livros da Bíblia hebraica em 7 livros.

Devido ser o grego, a língua falada em quase todo o mundo conhecido da época, a tradução grega da bíblia sempre teve maior difusão do que a hebraica. Assim, mais tarde, quando os Apóstolos saíram a pregar o Evangelho aos povos que falavam o grego, eles adotaram a tradução grega dos Setenta e a espalharam pelo mundo. Quanto aos judeus, permaneceram com a sua bíblia em hebraico, sendo que no ano 97 d.C. declararam oficialmente como texto inspirado apenas os livros constantes da versão hebraica.

Os cristãos continuaram a utilizar a versão grega, até que, por volta do século IV d.C. grande parte dos povos do Império Romano, já não falava mais o grego e sim o latim, a nova língua oficial do Império. Foi então que o Papa Dâmaso pediu a São Jerônimo, grande estudioso e biblista da época, que traduzisse a bíblia para o latim. Jerônimo procurou fazer a tradução a partir dos originais hebraicos e gregos, mas como ele não conhecia a língua hebraica, pediu ajuda a um rabino judeu para a tradução do texto hebraico. Jerônimo traduziu toda a bíblia considerando as duas versões, mas influenciado pelo rabino judeu, estabeleceu a distinção entre os livros "protocanônicos" (da primeira lista ou cânon) e os "deuterocanônicos" (da Segunda lista, ou cânon). Essa tradução da Bíblia para o latim, feita por São Jerônimo em 350 d.C., chamou-se "Vulgata", (isto é, a Divulgada).

Com a tradução de São Jerônimo, reacende-se a polêmica entre os defensores da lista menor (protocanônicos) e os da lista maior (deuterocanônicos). Essa questão arrastou-se até o Concílio de Florença, em 1430, quando os bispos pronunciando-se sobre o assunto, afirmaram que os católicos reconhecem como palavra de Deus inspirada todos os livros da lista maior (ou seja, da versão grega), e estabeleceram assim, uma trégua nas discussões.

O assunto voltou à tona no século XVI com a reforma protestante, quando Lutero, resolvendo traduzir a bíblia do latim para o alemão (sua língua materna), traduziu apenas os livros da versão hebraica (ou do primeiro cânon). Novamente o assunto foi discutido pelos bispos católicos e, no Concílio de Trento, foi reafirmada como inspirada por Deus toda a Bíblia, incluindo os livros da versão grega. Desse modo, os católicos ficaram com a bíblia da versão grega e os protestantes com a bíblia hebraica, o que perdura até os dias de hoje.

Assim se explica a diferença entre a Bíblia protestante e a Bíblia católica que, na verdade, provém da diferença entre a Bíblia hebraica e a Bíblia grega. Os protestantes ficaram com a lista mais antiga e mais curta da Bíblia hebraica, enquanto que os católicos, seguindo o exemplo dos apóstolos, ficaram com a lista mais longa da tradução grega dos Setenta. Desse modo, a Bíblia protestante, (assim como a judaica,) tem sete livros a menos que a católica; são eles: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria, I e II Livro dos Macabeus e algumas partes do livro de Daniel (Dn 3,24-90; 13-14) e de Éster (Est 10,4-16,24). Estes livros são chamados de "deuterocanônicos", isto é, da segunda lista (deutero=segunda, cânon=lista). Ressalte-se que, de início, estes livros foram aceitos pelos judeus e pelos cristãos e mais tarde foram rejeitados pelos judeus e pelos protestantes. Os outros 39 livros do Antigo Testamento são chamados de "protocanônicos" (proto=primeiro, cânon=lista).

Quanto às traduções atuais da bíblia, a maior parte das edições em português foram feitas a partir da Vulgata de São Jerônimo. Somente a partir de 1947, com a descoberta de um convento dos essênios nas grutas de Qumram, próximo ao Mar Morto, na Palestina, onde foram encontrados jarros de barro com textos originais do profeta Isaías, começaram a surgir traduções para as línguas modernas, a partir dos originais gregos e hebraicos. Estas descobertas arqueológicas comprovam que a Bíblia tem suas raízes na história concreta do Povo de Deus.