quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

o que é advento?
            A palavra “Advento” é a tradução do latim “adventus”. Antes de ser usada no cristianismo, podia significar duas coisas. Primeiro, acreditava-se que a divindade vinha a seu templo uma vez por ano, num dia fixo, para visitar seus fiéis durante o culto e trazer-lhes salvação. Este dia era chamado “adventus”, o dia da vinda. Muitos templos só abriam suas portas naquele dia. Também a primeira visita oficial de uma pessoa importante, principalmente para: tomar posse e assumir o governo ou algum outro cargo importante, era chamada de “adventus” ou, em grego, “parusia” ou “epifania” (manifestação).
            Em sentido cristão, temos no Antigo Testamento, inúmeras passagens que falam de “advento”, isto é, da visita de Deus ou vindas de Javé a seu povo para realizar suas promessas (cf. Gn 54,24s; Jr 29,10; Zc 10,3, etc) ou para castigar a infidelidade de seu povo e, assim, ainda assegurar a salvação deles (Am 3,2; Os 4,9; Is 10,3, etc). Este dia da visita é também chamado “Dia de Javé” ou “Dia do Senhor”. Principalmente após o exílio, aguardava-se uma visita espetacular, uma intervenção definitiva de Javé para salvar seu povo e submeter todas as nações no “fim dos tempos”, estabelecendo assim o reino definitivo de Deus (Sb 3,7; Eclo 2,14).
            O Novo Testamento diz que deus realizou esta visita na pessoa de Jesus de Nazaré. Vejam, por exemplo, o que diz Simeão, quando este vê o menino Jesus sendo apresentado no Templo: “Meus olhos já viram a salvação, que preparaste diante de todos os povos” (Lc 2,29-32). Os discípulos de Jesus tinham a certeza de que ele iria inaugurar o Reino definitivo de Deus. Assustaram-se com sua morte: “Nós esperávamos que ele fosse redimir Israel...” mas... “nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte” (Lc 24,20-21).
            Portanto, viver o advento é ficar atento aos sinais do Reino entre nós: a denúncia das injustiças, a luta por melhores condições de vida; os gestos de partilha, a solidariedade e a ajuda mútua, principalmente entre os mais pobres; a atenção aos mais carentes, a defesa dos oprimidos... não basta ficar atento apenas; é preciso trabalhar, colaborar, agir, apressar a vinda do Reino; e ao mesmo tempo perceber tudo isso como um Dom de Deus. É Ele que está realizando o Reino entre nós, pelo seu Espírito que nos anima, nos guia, nos transforma. 

O advento dentro do ano litúrgico 

Costumamos a dizer que o ano litúrgico começa com o primeiro domingo do Advento, assim como o ano civil começa em 1º de janeiro. Bem, para falar a verdade, o ano litúrgico não tem começo nem fim. a cada ano voltam duas grandes festas: Páscoa e Natal. Páscoa é mais importante que o Natal. É a maior festa cristã, porque celebra a ressurreição de Jesus. Cada festa é precedida por um tempo de preparação (Quaresma e Advento) e se prolonga em outros domingos e festas (tempo pascal e tempo do Natal). Entre entes dois tempos há trinta e quatro “domingos e semanas do tempo comum”, às vezes substituídos por alguma festa importante: festa de São João, de São Pedro e São Paulo, da Assunção de Maria, de Todos os Santos, de Finados, etc.
            Se olharmos para o sentido do Advento, ele é tanto “fim”, quanto “começo”. Nas primeiras semanas, aponta mais para o “fim dos tempos” e, principalmente a partir do dia 17 de dezembro, aponta para o “começo”: o nascimento de Jesus. Faz-nos viver a expectativa e a preparação da vinda de Jesus no fim dos tempos, na glória de seu Reino, lembrando sua entrada na história e na caminhada de seu povo, com seu nascimento em Belém de Judá. 
Quando começa e quando termina o advento? 

            Começa com a oração da tarde na véspera do domingo que cai no dia 30 de novembro ou no domingo que lhe fica mais próximo, terminando antes da oração da tarde na véspera do Natal do Senhor. São quatro os domingos do Advento. Até o dia 16 de dezembro, há orações e cantos próprios para a missa de cada dia, os mesmos se repetindo a cada semana. A partir do dia 17, cada dia tem sua missa própria.
            Há dois prefácios para as missas no tempo do Advento. O primeiro, a ser usado até 16 de dezembro, fala das duas vindas de Jesus: “Revestido de nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para realizar seu plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma Segunda vez, para conceder-nos em plenitude os bens outrora prometidos e que hoje vigilantes esperamos”. O segundo prefácio, a ser usado de 17 a 24 de dezembro, já nos coloca mais diretamente em clima de natal: “Foi ele (Cristo) que os profetas predisseram, que a Virgem esperou com amor de mãe, que João anunciou estar próxima e mostrou presente entre os homens. É ele que nos dá a alegria de nos prepararmos desde agora para o mistério de seu Natal, a fim de encontrar-nos em oração e celebrando os seus louvores. 
 
Advento: experiência de uma gravidez 

            De acordo com Paulo VI, na encíclica Marialis Cultus, o tempo do Advento é o mais propício para a veneração à Maria. Enquanto o mês de maio e o mês de outubro são devoções sem nenhuma ligação com o ano litúrgico, o Advento, principalmente a partir do dia 17 de dezembro, insere Maria na vivência da celebração do mistério Pascal.
            Então como fazer para que Maria seja inserida na celebração do Advento? Podemos destacar a imagem dela; no final da celebração cantar um hino a Maria, de preferência ligado ao Advento. Podemos destacar as duas festas marianas do mês de dezembro: dia 8, Solenidade da Imaculada Conceição, e dia 12, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira principal da América Latina. É há por fim a Novena de Natal, na qual Maria não pode ser esquecida.
            Neste período refletimos acerca da vinda do Filho de Deus que vem “do alto” como dom do Pai, mas precisa da aceitação das pessoas. Esta união entre Deus e a humanidade para a realização da salvação vem expressa em outra imagem bíblica durante o Advento: a imagem da terra que se abre para receber a chuva que faz a semente crescer; a terra que é fecundada pelo orvalho. Da mesma forma, Maria foi fecundada por obra do Espírito Santo e nos trouxe o autor de nossa salvação, Jesus Cristo (Mt 1,18-25; Lc 2,18-36). 

Natal dentro do ano litúrgico 


            Natal quer dizer nascimento. É o dia que os cristãos celebram o Natal de Nosso Senhor Jesus, o Filho de Deus que se fez um de nós. Deus entra na história dos homens para fazer dela uma história de salvação, de vida, de paz, de justiça, de fraternidade. Neste sentido as novenas tem nos ajudado a entendermos a valorizar o tempo do Advento: identificando-nos com Isaías, com João Batista e, principalmente, com Maria, grávida: com alegre expectativa preparamos e aguardamos a vinda do Filho. ele vem para assumir o Reino, assumir o governo de nossas vidas.
            O tempo do Natal começa com a oração da tarde da véspera de Natal e termina com o Domingo depois do dia 6 de janeiro. É um tempo festivo e alegre. As principais festas que correm neste tempo são as seguintes: primeiro as três festas tradicionais da manifestação do Senhor:
·         Natal (25 de dezembro): Celebração do nascimento de Jesus. Sua manifestação em nossa natureza humana, e a nova vida que recebemos por meio dele;
·         Epifania (6 de janeiro ou – como aqui no Brasil -  no domingo entre 2 e 8 de janeiro): Celebração da manifestação de Jesus às nações não judias, representadas na figura dos magos que vieram do Oriente; costuma-se chamar esta desta de “Dia de Reis”;
·         Batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo (domingo depois do 6 de janeiro ou na segunda-feira seguinte, caso o domingo seja ocupado com a festa da Epifania): Manifestação de Jesus, no Rio Jordão, como Filho de Deus; investidura como Rei-Messias.
No dia 1º de janeiro, ou seja, no oitavo dia depois do Natal, festejamos a Santa Mãe de Deus, Maria. Lembramos a circuncisão do Menino, ocasião na qual recebeu o nome de Jesus, que quer dizer “Javé Salvador”, “Deus salva”, “Deus ajuda”.
No domingo depois do Natal (ou no dia 31 de dezembro, caso o Natal e 1º de janeiro caiam domingo) celebra-se a festa da Sagrada Família. É uma festa bem recente: começou a existir somente em 1893, no 3º domingo depois da Epifania. É uma festa mais de devoção.
Nem sempre o calendário popular coincide com o oficial. Epifania, por exemplo: poucos sabem o que é isso. Mas todos conhecem “os Santos Reis”, ou “Dia dos Reis”. Só que o dia deles é 6 de janeiro mesmo, e não no domingo seguinte como se faz na liturgia oficial. 

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Bibliografia consultada:
BUYST, Ione. Preparando Advento e Natal. Petrópolis: Vozes, 1992, pp. 10-65.

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