Não podia, portanto, a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada,
calar-se a respeito da mais sublime de suas criaturas. Apresentaremos um
pequeno resumo de como as Sagradas Escrituras exaltam e testemunham às
qualidades, as virtudes de Nossa Senhora:
· "Entrando o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o
Senhor é contigo" (Lc 1, 28): Quando
a Igreja chama Maria de "Imaculada Conceição" quer dizer que a mesma,
desde o momento de sua concepção foi isenta - por graça divina - do pecado
original. Pois, onde existe esta "graça transbordante" não pode
coexistir o pecado. Por isso, esta boa Mãe é também chamada pelos seus servos
de "Santíssima Virgem". Os santos ensinaram que não convinha a Jesus
Cristo, o Santíssimo, ser gerado e nascer de uma criatura imperfeita. Como
podia o Santíssimo Deus, Jesus Cristo ser depositado num receptáculo que não
fosse digno dEle? Pois ele mesmo testemunha no Evangelho, que não se coloca
vinho novo e bom em odres velhos e defeituosos (conf. Lc 5, 37). Eis porque o
Criador elevou Maria, este "Vaso Insigne de Devoção" a tão grande
santidade.
· "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a
tua palavra" (Lc 1, 38): Maria
ao dizer seu "sim" incondicional ao convite de Deus, introduz no
mundo o Verbo Divino, Jesus Cristo. E, fato assombroso: torna-se a única
criatura a gerar o seu Criador segundo a natureza humana. Maria iniciou com sua
sagrada gravidez o restabelecimento da concórdia entre Deus e os homens
conforme está escrito: "Por isso, Deus os abandonará, até o tempo em
que der à luz aquela que há de dar à luz" (Mq 5,2). Com este sim
incondicional Maria cumpre também a primeira de todas as profecias registrada
na história da humanidade. Porque com esta sua doação total ela fere a cabeça
do demônio (Gn 3,15) e começa a devastar o seu reino de morte, que será
destruído totalmente pelo seu filho Jesus.
· "Doravante todas as gerações me chamarão
bem-aventurada" (Lc 1, 48): Os
santos proclamam a profunda intimidade dela com a Santíssima Trindade: Filha de
Deus Pai, esposa do Espírito Santo, mãe de Deus Filho! O Espírito Santo
profetiza pelos lábios de Maria, que daquele momento em diante de geração em
geração, isto é, para sempre, todos os cristãos proclamariam sua
bem-aventurança.
· "Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu
Senhor?" (Lc 1, 43): Isabel,
mulher idosa e santa, esposa de Zacarias, mãe de João Batista desmancha-se em
elogios àquela jovem que foi até sua casa para servir! O Espírito Santo mesmo
ensina, que o louvor dirigido aos pais é grande honra para o filho (Cf Eclo 3,
13 ). Os verdadeiros filhos de Maria, em todos os tempos, lugares e momentos,
exaltam a Virgem, imitando o exemplo de Santa Isabel.
· "Pois assim que a voz da tua saudação chegou aos meus
ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio" (Lc 1, 44): Cristo testemunhou a respeito de João Batista: "dos
nascidos de mulher nenhum foi maior que João" (cf. Lc 7 28). Pois bem.
Não é proveitoso para os cristãos imitarem o gesto de São João Batista? Bendito
os servos de Deus, que não se cansam de se alegrar e cantar os louvores de
Nossa Senhora, imitando assim o gesto do Divino Esposo e de São João Batista, o
maior profeta da Antiga Aliança.
· "E uma espada transpassará a tua alma" (Lc 2, 35):
Uma lança transpassou o coração do
Cristo na Cruz. Uma espada de dor transpassou o coração de Maria no Calvário!
Deus revela ao profeta Simeão como Nossa Senhora estaria intimamente ligada à
Jesus Cristo no momento da Sagrada Paixão. Ninguém em toda a terra, em todos as
épocas, esteve mais intimamente ligado a Jesus naquele dramático momento que
sua Santíssima Mãe. Portanto que, junto com o sacrifício expiatório, doloroso e
único de Jesus Cristo no Calvário, subiu também aos céus, como oferta
agradabilíssima diante de Deus, o sacrifício doloroso de Nossa Senhora.
· "Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe:
‘Eles não tem mais vinho’. Respondeu-lhe Jesus: ‘Mulher, isso compete a nós?
Minha hora ainda não chegou’. Disse então sua mãe aos serventes: ‘Fazei o que
ele vos disser’" (Jo 2, 3–5): Na
festa do casamento de Canaã Jesus iniciou seu ministério. Ministério aliás
composto por pregação e "obras" (milagres). A Santíssima mãe percebeu
a dificuldade daquela família, que não tinha vinho para os convidados e
comunicou ao seu Filho. Jesus afirmou então claramente a Maria que, ainda não
era o momento para iniciar seu ministério com um prodígio, pois disse:
"minha hora ainda não chegou". Sem discussão, na mais plena
confiança, diz aos serventes: "façam o que ele lhes disser".
Grandíssima confiança! Sua intercessão é infinitamente mais eficaz do que as
orações de todos os santos que pedem sem cessar pelos habitantes da terra ( Cf.
Ap 6, 9-10 . 8, 3-4 ; II Mac 15,11-16 ).
· "Disse-lhe alguém: ‘Tua mãe e teus irmãos estão aí
fora, e querem falar-te’. Jesus respondeu: ‘Quem são meus irmãos e minha mãe?
(...) Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Todo aquele que faz a vontade de meu
Pai, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe’ (Mt, 47,49-50): "Quem são meus irmãos e minhas mãe?" pergunta o
Cristo. E aponta para os seus discípulos: "eis aqui a minha
família!". E, doravante, somente os que forem discípulos do mestre,
ouvindo as suas palavras e as cumprindo poderão pertencer plenamente a esta
família. Por isto, como doce discípula Maria "conservava todas estas
palavras, meditando-as no seu coração" (Lc 2, 19.51) Meditava e as
guardava! Eis o exemplo da perfeita discípula. Maria com efeito não é mãe
apenas na carne, mas na vida toda, na alma e na total obediência ao seu Divino
Filho.
· Alguns, que ainda não amam suficientemente a Santíssima
Virgem, usam estes versículos acima justamente contra ela, tentando
convencer-nos de que Jesus a teria desprezado naquele momento. Esses
"estudiosos da Bíblia" esquecem que Jesus jamais desprezaria sua mãe,
conforme ensina o próprio Espírito Santo: "Apenas o filho insensato
despreza sua mãe" (Pr 15, 20). Pelo contrário, Jesus obedeceu a Deus
Pai e procurou fazer sua vontade: "Honra teu Pai e tua Mãe" (Ex 20,12
e Deut 5,16 ).
·
"Quando
Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: ‘Mulher,
eis aí teu filho’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’" (Jo 19,
26-27): O apóstolo João aos pés da cruz,
o único discípulo presente, representava todos os discípulos. Neste momento
Jesus consagrou Maria, Mãe espiritual dos apóstolos. Mais ainda: João
representava também, todos os homens e mulheres, de todos os lugares e de todos
os tempos, que a partir daquele momento ganharam Maria como sua Mãe espiritual.
Isto está de acordo com o testemunho do próprio São João, que em outra parte diz:
"O Dragão se irritou contra a mulher (Maria) (...) e sua
descendência, aqueles que guardam os mandamentos de Deus (...)" (Ap
12,17).
· Maria Santíssima não teve outros filhos naturais. Permaneceu
sempre virgem, como era do conhecimento universal dos primeiros cristãos até os
nossos dias. Mas, muitos insistem em "presenteá-la" com filhos
naturais que ela não teve. Fazem isto, para diminuírem a glória de Jesus
Cristo, bem como para esvaziarem Maria de sua maternidade universal. Se Jesus
tivesse irmãos carnais, não teria entregue sua Mãe aos cuidados de João
Evangelista. Seus próprios irmãos naturais cuidariam dela, como era dever
sacratíssimo na época e ainda hoje. Além disso, citam aqueles que não amam a
Virgem Maria algumas passagens bíblicas como a seguinte: "Não se chama
a sua mãe Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?" (Mt 13,55) Querendo
com isto provar que Nossa Senhora teve outros filhos. Esquecem ou
ignoram, que nos tempos de Cristo todos os parentes se chamavam entre si de
irmãos. E a própria Bíblia prova isto, pois dos quatro "irmãos" acima
citados, lemos que a verdadeira mãe de Tiago e José era uma outra Maria, irmã
de Nossa Senhora e casada com Cleofas ( Jo 19,25 e Mc 15,40 ). E que Judas era
irmão de Tiago Maior (Jd 1,1) filho de Alfeu (Mt 10,2-4). Ou seja, ninguém era
filho natural de Maria e José. Eram de sua parentela, mas não de sua filiação.
Além disso, os primeiros cristãos, que conheceram Jesus e os apóstolos, nos
escritos que nos deixaram, todos testemunharam que Maria sempre permaneceu
virgem, não tendo jamais outros filhos. Sobre estes inventores de novidades a
Bíblia nos previne: "Haverá entre vós falsos profetas (...) muitos
seguirão as suas doutrinas dissolutas (...) e o caminho da verdade cairá em
descrédito" (II Pe 2,1-2).
· "E desta hora em diante o discípulo a levou para a sua
casa" (Jo 19,27): Daquela
hora em diante, S. João levou a Santa Mãe para sua casa. Primeiramente para sua
"casa espiritual", sua alma. Esse é o motivo pelo qual era o
discípulo que Jesus mais amava, porque também, era o discípulo mais afeiçoado a
ela. Depois, levou-a para sua casa material, seu lar. Hoje sua presença
maternal poderá ser recordada através de quadros e imagens (conf. Nm 21, 8-9 ;
Ex 25, 18-20 ; I Reis 6,23-28 etc) l.
· "Todos eles perseveravam unanimemente em oração,
juntamente com as mulheres, entre elas Maria mãe de Jesus, e os irmãos
dele" (At 1,14): No
cenáculo, no dia de Pentecostes, Maria juntamente com os discípulos suplicavam
para que viesse o Espírito Santo sobre todos. E assim foi fundada a Igreja
naquele dia. Maria uma vez tendo introduzido o Cristo no mundo, depois tendo
inaugurado seu ministério nas bodas de Canaã, agora intercede, introduzindo e
inaugurando a ação do Espírito Santo sobre a Igreja nascente. Eis a mãe da
Igreja com seus filhos.
· "Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma Mulher
revestida de sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze
estrelas" (Ap 12, 1): No
Apocalipse, João contempla nesta visão três verdades: a Assunção de Nossa
Senhora, sua glorificação, sua maternidade espiritual. O Apocalipse descreve
que esta mulher "estava grávida e (...) deu à luz um Filho, um menino,
aquele que deve reger todas as nações..." (Ap 12,2.5). Qual mulher,
que de fato, esteve grávida de Jesus senão a Santíssima Virgem? (Cf. Is 7,14).
Outros contestam, dizendo que esta mulher é símbolo da Igreja nascente. Mas, a
Igreja nunca esteve "grávida" de Jesus Cristo! Antes, foi Cristo que
gerou a Igreja, foi ele que a estabeleceu e a sustenta. E para provar que esta mulher
é exclusivamente Nossa Senhora, em outro lugar está escrito: "O Dragão
vendo que fora precipitado na terra, perseguiu a Mulher que dera à luz o
Menino" (Ap 12,13). A Igreja teria dado à luz a um Menino? Evidente
que não! Portanto esta mulher refulgente é Nossa Senhora, pois foi ela
unicamente que gerou "o menino" prometido (Cf. Is 9,5). Diz
ainda a Sagrada Escritura que: "(o Dragão) deteve-se diante da
Mulher que estava para dar à luz (...) para lhe devorar o Filho (...) A Mulher
fugiu para o deserto, onde (...) foi sustentada por mil duzentos e sessenta
dias" (Ap 12,4.6). De
·
Portanto, todos esses versículos,
confirmam primeiramente a assunção de Nossa Senhora. Pois o apóstolo a
contempla revestida de sol, já estabelecida desde agora na glória prometida
pelo seu Filho, quando diz "Os justos resplandecerão como o sol"
(Mt 13,43). Confirma incontestavelmente sua realeza espiritual, pois a
mesma se apresenta coroada com doze estrelas, símbolo das doze tribos de Israel
e dos doze apóstolos. Portanto Rainha do Antigo e do Novo Testamento. Por fim
confirma sua maternidade espiritual, pois diz o Espírito Santo: "(O
Dragão) se irritou contra a Mulher (Maria) e foi fazer guerra ao
resto de sua descendência (seus filhos espirituais), os que
guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus" (Ap 12,17).
Nenhum comentário:
Postar um comentário